A consagração a Virgem Maria tem como sinal exterior as cadeiazinhas, ou correntes, de ferro.
São Luís Maria Grignion de Montfort, no “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, recomenda que os consagrados a Virgem Maria usem cadeiazinhas de ferro, correntes que não sejam de ouro, prata ou outro metal precioso: “É muito louvável, muito glorioso e útil para aqueles e aquelas que assim se fazem escravos de Jesus em Maria, que usem umas cadeiazinhas de ferro” (TVD 236). Estas correntes serão um sinal da nossa escravidão de amor a Jesus Cristo e a Virgem Maria, e devem ser abençoadas antes de serem usadas. As cadeias são sinais exteriores, por isso, não são tão essenciais e não são obrigatórias, embora tenhamos abraçado livremente esta Devoção. “Todavia, os escravos de amor sacudiram as cadeias vergonhosas da escravidão do demônio, a que o pecado original e talvez os pecados atuais os tinham reduzido” (TVD 236). Por isso, São Luís Maria não deixa de louvar as pessoas que se sujeitam livremente à gloriosa escravidão de amor, e se gloriam, com São Paulo, de estar em cadeias por amor de Jesus Cristo (cf. Ef 3, 1).
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Segundo São Luís, essas cadeias de Jesus Cristo nos livram e nos preservam dos infames laços do pecado e do demônio. Elas nos colocam em liberdade e nos ligam a Jesus e a Maria, não por imposição e por força, mas por caridade e amor, como a filhos. “Atrai-los-ei com cadeias de caridade” (Os 11, 4) . “Estas cadeias são, por conseguinte, fortes como a morte, e, de certo modo, mais fortes ainda nas pessoas que forem fiéis em usar estes gloriosos sinais até a morte. Pois, embora a morte destrua seus corpos, reduzindo-os à podridão, não destruirá esses laços da sua escravidão, já que sendo de ferro, não se corrompem facilmente. E talvez no dia da ressurreição da carne, no grande momento do juízo final, essas cadeias, que lhes ligarão ainda os ossos, constituam parte da sua glória e sejam transformadas em gloriosas cadeias de luz. Felizes, portanto, mil vezes felizes, os ilustres escravos de Jesus em Maria, que usarem estas cadeias até a sepultura!” (TVD 237).
Montfort ensina que há duas razões para usar estas cadeiazinhas. A primeira razão é para que nos lembremos dos votos e promessas do Batismo e para que nos recordemos da renovação perfeita que fizemos dessas promessas através da consagração e do compromisso que fazemos de ser fiel a essas promessas. Facilmente nos esquecemos das nossas obrigações para com Deus, por isso, estas correntes servem maravilhosamente para nos lembrar as cadeias do pecado e da escravidão do demônio, das quais o Batismo nos livrou. Servem também para nos lembrar da dependência de Jesus Cristo na qual nos colocamos pelo Batismo e da renovação das suas promessas feita na consagração. A esse respeito, o Santo diz que “uma das razões por que tão poucos cristãos pensam nas promessas do seu Santo Batismo e vivem tão livremente como se nada tivessem prometido a Deus, como os pagãos, é que não trazem nenhum sinal exterior que os faça lembrar disso” (TVD 238).
São Luís Maria explica que a segunda razão para usar as correntes “é para mostrar que não nos envergonhamos de ser escravos e servos de Jesus Cristo, e que renunciamos à funesta escravidão do mundo, do pecado e do demônio” (TVD 239). Outra razão para usar as cadeiazinhas é para servirem de garantia e preservação contra as cadeias do pecado e do demônio. A este respeito, o Santo exclama: “Ah! Meu querido irmão, quebremos as cadeias do pecado e dos pecadores, do mundo e dos mundanos, do demônio e dos seus sequazes, e ‘lancemos para longe de nós o seu jugo funesto’ (Sl 2, 3). Para me servir das palavras do Espírito Santo: ‘Ponhamos os pés nos Seus gloriosos ferros, e o pescoço nos Seus grilhões’ (Eclo 6, 25). ‘Curvando os ombros, levemos a Sabedoria, que é Jesus Cristo, sem aborrecermos as suas cadeias’ (Eclo 6, 26)” (TVD 240).
Por fim, São Luís Maria ensina a respeito das cadeias de Cristo: “As suas cadeias são cadeias de salvação” (Eclo 6, 31). Jesus Cristo atrairá os predestinados, com cadeias de caridade: “Atrairei tudo a Mim” (Jo 12, 32). “Hei de atraí-los com cadeias e vínculos de caridade” (Os 11, 4). Os escravos de amor de Jesus Cristo, estes prisioneiros do Senhor, “podem usar as cadeias ao pescoço, nos braços, à cintura ou nos pés” (TVD 242). Estas correntes são sinais da santa escravidão de amor a Jesus Cristo e a Virgem Maria, que nos ajudarão a viver bem a nossa consagração.