A Imaculada Conceição e a superabundância da graça

A superabundância da graça realizou-se plenamente na Imaculada Conceição da Virgem Maria.

A Imaculada Conceição e a superabundância da graça

Imaculada Conceição

As palavras de São Paulo na carta aos Romanos: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”1, dizem respeito especialmente ao mistério da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. Nesse sublime mistério, contemplamos os mais excelentes frutos da divina misericórdia numa criatura humana. Se no princípio da criação, no coração de uma mulher – a virgem Eva – o pecado abundou2; na plenitude dos tempos, no coração de outra mulher – a Virgem Maria – superabundou a graça divina3. A graça que a humanidade recebeu por Maria é muito mais abundante do que o mal causado pelo pecado dos nossos primeiros pais. Em Nossa Senhora, mais do que em qualquer outra criatura, a graça triunfa sobre o pecado4 e a morte.

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Na Imaculada Conceição de Maria, a redenção de Jesus Cristo manifesta a sua força salvífica preveniente, por antecipação, e permanente5. A concepção imaculada da Mãe de Deus é a maior vitória do mistério pascal de Cristo, “o fruto mais excelente do germe de vida eterna que Deus […] lançou no coração da humanidade, necessitada de salvação depois do pecado de Adão”6. A Virgem Maria experimentou o mistério da redenção de modo especialíssimo, o que manifesta a singular a generosidade de Deus com a humanidade, com cada um de nós. O Filho de Deus foi especialmente generoso com sua Mãe Santíssima. Jesus Cristo remiu a Virgem Maria antecipadamente, de modo particularmente superabundante, da mancha do pecado original. Em Jesus, a Redenção é abundante7 e a generosidade do Filho para com sua Mãe manifesta-se desde o princípio da sua existência no milagre da Imaculada Conceição8. Em consequência, o dogma da Imaculada Conceição de Maria não obscurece, ao contrário, contribui admiravelmente para ressaltar os extraordinários efeitos da graça redentora de Cristo na natureza humana9.

A redenção realizada por Cristo não significa apenas libertação, ou preservação, do pecado, que é a graça salvífica, mas também a semente da santidade, da graça santificante, plantada pelo Redentor em nossos corações10. A Virgem de Nazaré foi preservada da herança do pecado original em virtude da plenitude da graça recebida de Jesus e pelos méritos do seu Filho no mistério da redenção. Maria pertence a Cristo desde o primeiro instante da sua concepção imaculada, participa da graça salvífica e santificante e daquele amor que tem o seu início no mistério da Encarnação. “O fruto maduro da redenção é a santidade”11, que se manifestou extraordinariamente na Imaculada. Em Nossa Senhora, o efeito da Redenção manifestou-se na sua pureza total e na florescência maravilhosa da sua santidade. Dessa forma, a Imaculada Conceição de Maria é a primeira maravilha da redenção realizada pelo seu Filho12, que diz respeito a toda a humanidade. A superabundante graça na Mãe de Deus desde a sua concepção imaculada faz dela dispensadora privilegiada dos efeitos do mistério da redenção.

Ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Festa da Imaculada Conceição de Maria“:

A história da Igreja comprova que a Virgem Maria é um veículo excelente e único da redenção de Cristo. A Mãe de Deus é um canal privilegiadíssimo da graça divina, uma via de eleição pela qual a graça chega a nós com abundância extraordinária e maravilhosa. Onde Nossa Senhora é invocada, a graça é abundante, acontece a cura em nosso corpo e em nosso espírito13. A este respeito, nos vêm ao pensamento os grandes santuários marianos: Lourdes, na França; Fátima, em Portugal; Guadalupe, no México; Aparecida, no Brasil. Nestes e em muitos outros, a Virgem Maria manifesta-se como canal excelente e privilegiadíssimo da graça de Deus. Nestes santuários dedicados a Santíssima Virgem, milhares de peregrinos experimentam a superabundância da graça divina nos numerosíssimos milagres, curas, conversões, sinais e prodígios. Tais prodígios manifestam a maravilhosa eficácia da intercessão de Maria, Medianeira de Todas as Graças.

Assim, se vivermos em intimidade com Nossa Senhora, encontraremos “no mistério da sua Imaculada Conceição uma inexaurível fonte de conversão, amadurecimento e santificação”14. Isto significa que a Virgem Maria não é somente modelo de perfeição, de santidade, mas também é fonte superabundante da graça salvífica e santificante. Temos na Mãe da Igreja o auxílio necessário da graça para alcançar a santidade e a salvação, que nos foi dada em seu Filho Jesus Cristo. Por isso, invoquemos com confiança a Virgem Maria, para obtermos dela a superabundância da graça, que se manifestou primeiramente na sua concepção imaculada.

Oração do Papa João Paulo II a Imaculada Conceição:

Nós nos dirigimos a Vós, Virgem Santa Imaculada.

Em Vós tem início o mistério da Redenção que nos livra da morte,

porque a herança do pecado não Vos atingiu.

Vós sois cheia de graça, e em Vós abre-se para nós o Reino de Deus,

o novo futuro do homem, que pode, na fé, contemplar em Vós a obra da sua renovação

e o fundamento da sua esperança de imortalidade.

Trazei a nós, na vossa pureza, o Filho de Deus, a “luz que veio ao mundo”,

e conduzi todos nós pelos caminhos de santidade,

para que possamos encontrar Cristo, agora e para sempre. Amém15.

Fonte: FIDELIS STÖCKL. O mistério da Imaculada Conceição no Pensamento de Papa João Paulo II.

Referências:

1 Rm 5, 20.

2 Cf. Gn 3, 16.

3 Cf. Lc 1, 26.

4 Cf. PAPA JOÃO PAULO II. Homilia de 8 de dezembro de 1987.

5 Cf. idem, Angelus de 8 de dezembro de 1993.

6 Idem, Regina Coeli de 17 de abril de 1983.

7 Cf. Sl 129, 7.

8 Cf. PAPA JOÃO PAULO II. Angelus de 8 de dezembro de 1978.

9 Idem. Audiência de 5 de junho de 1996.

11 Idem, ibidem.

12 Cf. idem. Audiência de 7 de dezembro de 1983.

13 Cf. idem. Angelus de 19 de julho de 1987.

14 Idem. Alocução às Irmãs Servas de Maria Imaculada em 6 de julho de 1999.

15 Idem, Homilia de 2 de novembro de 1986.

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