Conheça a verdade a respeito da acusação dos protestantes de que as orações católicas são vãs repetições
Quantos de nós católicos já não foram acusados pelos protestantes de fazer orações vãs, por serem repetitivas, as quais, segundo eles, são condenadas na Bíblia? Escrevo este artigo justamente a pedido de um de nossos leitores, que se preocupa com essas acusações, pois podem contaminar muitos de nós católicos. Esse leitor tem um amigo que já está influenciado por essa mentalidade. Por isso, deixou de rezar o Terço, pensando que a Bíblia condena orações que tenham repetição de palavras.
Primeiramente, veremos se os protestantes têm condições, conhecimento suficiente para interpretar as Sagradas Escrituras, pois, para interpretar qualquer livro é necessário ter um conhecimento do tema que nele é tratado. Além disso, é necessário conhecer o autor do livro, pois, sem esse conhecimento, qualquer tentativa de interpretação, provavelmente, será um fracasso.
A Bíblia contém vários livros, que foram escritos por inspiração divina em vários momentos da história. Será que nossos irmãos protestantes têm conhecimento suficiente para interpretar as Escrituras? Terão eles não somente o conhecimento filosófico e teológico, mas também do Autor Divino, que é a própria Palavra de Deus?
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A unidade entre as Sagradas Escrituras e a Tradição da Igreja
Os protestantes fundamentam a sua condenação das orações repetitivas na Bíblia. No entanto, eles parecem não saber que quem formou o cânon bíblico foi a Tradição da Igreja Católica. Sendo a Tradição que escreveu os livros do Novo Testamento, selecionou quais seriam usados na Liturgia e, posteriormente, entrariam no cânon das Sagradas Escrituras. Logicamente, ela é a autoridade que nos dá a sua interpretação através do Magistério da Igreja. Condenar as nossas orações sem considerar a Tradição e o Magistério da Igreja é o mesmo que interpretar um livro sem considerar o pensamento do seu autor.
Nós, que somos herdeiros desse patrimônio valioso que é a Bíblia, a Tradição e o Magistério da Igreja, não podemos nos deixar enganar, mas precisamos conhecer esse legado e defendê-lo, como defenderam nossos irmãos na fé. Mais do que isso, precisamos ensinar nossos irmãos, que sofrem e se perdem por falta de conhecimento (cf. Os 4,6).
Aprendamos uma coisa: a Bíblia tem valor enquanto Revelação Divina. Jesus Cristo se revelou aos apóstolos e discípulos. Estes nos transmitiram a Sagrada Revelação através da Tradição oral e das Sagradas Escrituras. Por isso, a Bíblia só pode ser considerada Revelação divina se for interpretada em conformidade com a Tradição da Igreja. Como os protestantes não conhecem a Tradição, eles não têm autoridade nenhuma para interpretar a Bíblia. Por isso, fiquemos com os ensinamentos da Igreja de dois mil anos de história, nos quais muitos homens e mulheres deram a vida por causa da fé. Não nos deixemos enganar por pessoas que se apossam da Bíblia, um patrimônio que é nosso, e ainda querem a usar contra nós.
Assista ao programa do Padre Paulo Ricardo ou ouça-o: “Qual é a diferença entre as Bíblias católica e protestante?”
A origem bíblica de muitas orações devocionais e litúrgicas
A Tradição da Igreja, que nos deu como herança o cânon da Bíblia, é a mesma que nos transmitiu as orações: o Pai-Nosso, a Ave-Maria, as Ladainhas. Muitas das orações usadas na Liturgia até os nossos dias têm sua origem na Bíblia: o Benedictus (cf. Lc 1, 68-79); o Magnificat (cf. Lc 1, 46-55); o Nunc dimíttis (cf. Lc 2, 29-32), que são orações rezadas, todos os dias, na Liturgia das Horas; os Salmos, lidos ou cantados, na Santa Missa todos os dias. Por isso, dizer que as nossas orações não são válidas é o mesmo que dizer que a Bíblia não é válida, já que ambas têm a mesma origem, ou seja, a Tradição da Igreja. Em linguagem popular, podemos dizer que os protestantes querem “ensinar o Pai-Nosso ao vigário”.
Não podemos deixar que palavras sem fundamento minem a nossa fé em orações que tanto bem fizeram e fazem na Igreja, como o Santo Rosário, o Ofício da Imaculada Conceição, as Ladainhas. Abandonar essas orações é o mesmo que perder nossas raízes, a nossa ligação com a Tradição, que nos deu os fundamentos da nossa fé.
Muitos homens e mulheres de Deus deram suas vidas para que todo esse patrimônio da nossa fé chegasse intacto até nós. Agora, nós nos deixaremos enganar por pessoas que se apossaram do que é nosso e ainda querem nos dizer o que a Bíblia ensina?
Tomemos posse dos preciosos tesouros que Nosso Senhor nos deixou: a Sagrada Tradição, as Sagradas Escrituras e o Sagrado Magistério. Tomemos posse também das orações, como o Terço, o Rosário, as Ladainhas, que santificaram nossos irmãos na fé durante estes dois mil anos da Igreja.
Não nos enganemos: os protestantes não são nossos irmãos na fé, pois não comungam da mesma fé que a nossa. Podem até ser irmãos em Cristo, pelo Batismo, mas não irmãos na fé.
Para que sejamos verdadeiramente irmãos na fé, precisamos compartilhar da mesma fé e isso é impossível, pelo menos por enquanto. Pois, os protestantes desprezaram a Tradição e o Magistério da Igreja e ficaram somente com a Bíblia: sola scriptura.
Assista ao programa do Padre Paulo Ricardo ou ouça-o: “Qualquer pessoa pode ler a Bíblia?”
Já que os protestantes desprezam a Tradição e o Magistério sem os conhecer, para dar uma chance a eles, vamos argumentar no “terreno” que lhes é próprio, o sola scriptura de Lutero.
Em primeiro lugar, voltemo-nos para a passagem usada por eles para criar a polêmica das orações repetitivas: “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras” (Mt 6,7). Agora, comparemos a mesma passagem na tradução protestante: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos”.
A interpretação errônea dos protestantes das Sagradas Escrituras
Vemos que os protestantes trocam a palavra πολυλογίᾳ (polylogia) do original em grego, que significa “muitas palavras”, por “vãs repetições”. Dessa forma, compreendemos que o argumento usado contra nós, das “vãs repetições”, é desonesto, pois não é isso que está escrito na Bíblia.
Continuando nosso estudo, a passagem termina mencionando os pagãos: “…como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras”. Esta menção aos pagãos pode ser exemplificada com o conhecido episódio da disputa entre Elias e os profetas de Baal (cf. 1 Rs 18, 20-46).
Os “profetas” invocaram o nome de Baal de manhã até o meio-dia (v. 26). Percebendo que Baal não respondia, começaram a gritar em alta voz e a se ferir com espadas e lanças, como era seu costume, até se cobrirem de sangue (v. 28).
Estes pensavam que seriam ouvidos por Baal “pela força das palavras”.Voltando ao Evangelho segundo São Mateus, além da menção aos pagãos, Jesus também fala da hipocrisia: “Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens” (Mt 6,5). Neste versículo, Ele nos chama a atenção para o perigo da hipocrisia, de querer mostrar que somos pessoas piedosas, de muita oração. Neste contexto,compreendemos que quando o Mestre diz: “não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos”, Ele chama à atenção para o risco de querer rezar para forçar Deus a fazer a nossa vontade, à custa de muitas palavras, como fizeram os profetas de Baal.
O argumento da repetição cai por terra, definitivamente, quando, logo em seguida, Jesus nos ensina o Pai-Nosso: “Eis como deveis rezar: Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome…” (Mt 6,9ss).
Repetições na Bíblia
Perguntemos, com sinceridade, a nós mesmos: Se fosse realmente a repetição que o Senhor estivesse condenando, alguns versículos antes, Ele ensinaria logo em seguida uma oração repetitiva como o Pai-Nosso? Se Jesus diz que não devemos repetir as nossas orações, por que Ele mesmo repete? Isso podemos constatar ainda em algumas passagens, como a narrativa de Jesus no Jardim das Oliveiras, em São Marcos: “Afastou-se outra vez e orou, dizendo as mesmas palavras” (Mc 14,39). Se nos voltamos para o Antigo Testamento, as repetições se multiplicam ainda mais extraordinariamente. Somente no livro dos Salmos, temos inúmeras repetições de versículos e até estrofes inteiras. Somente no Salmo 135, a expressão: “porque sua misericórdia é eterna” é repetida em todos os versículos, ou seja, 26 vezes. Poderíamos escrever um livro inteiro somente citando as repetições de palavras na Bíblia.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A Oração do Pai-Nosso”:
As Sagradas Escrituras, a Sagrada Tradição e a interpretação do Magistério da Igreja
Portanto, a nossa fé tem seu fundamento, primeiramente, na Sagrada Tradição; depois, nas Sagradas Escrituras e no Magistério da Igreja. Somente assim conhecemos Jesus Cristo, o Verbo Encarnado.
Nossa fé não é baseada na Bíblia, mas na pessoa divina do Filho de Deus, que se revelou a pessoas humanas, que nos transmitiram a fé. A Bíblia só é Palavra de Deus se unida à Tradição: “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da Palavra de Deus”1, nos ensina o Sagrado Magistério da Igreja. Por isso, ainda que não tenhamos um grande conhecimento das Sagradas Escrituras, não deixemos nos enganar, pois o depósito sagrado da nossa fé está bem alicerçado na Igreja de Jesus Cristo, a Santa Igreja Católica, que tem dois mil anos de história.
Fiéis à tradição, não deixemos de rezar o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Santo Rosário e tantas outras orações que santificaram e continuam a santificar a Igreja e o mundo.
Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja do século IV, dizia que, “assim como é próprio dos hipócritas manifestar-se para os vejam em oração, cujo fim não é outro que agradar aos homens, assim também os gentios (isto é, os pagãos) acreditam que quando eles falam muito serão ouvidos”2.
Em obediência ao Filho de Deus, não sejamos hipócritas, mas verdadeiros em nossas orações, sem querer agradar aos homens; e não sejamos como os pagãos, que não mudam de vida e acham que serão ouvidos à custa de muitas orações.
Sagrada Tradição da Igreja e as Sagradas Escrituras
Fiquemos com a interpretação deste grande filósofo e teólogo, um dos Padres da Igreja. Estes nos deixaram o grande legado da Revelação divina, a Sagrada Tradição da Igreja e as Sagradas Escrituras, que juntas nos transmitem a Palavra de Deus, que é a pessoa de Jesus Cristo, o Verbo Eterno.
Por fim, não nos deixemos enganar pelo argumento protestante: “a Bíblia diz…”, pois as Sagradas Escrituras e a Sagrada Tradição precisam ser interpretadas pelo Sagrado Magistério da Igreja.
Quando alguém se aproximar de nós com este argumento, o sola Scriptura de Lutero, não demos ouvidos, pois estão falsificando a fé e apresentando como verdade.
Somente os três juntos: Tradição, Escrituras e Magistério, nos apresentam Jesus Cristo, o Filho de Deus, e com Ele, o Pai e o Espírito Santo. Que a Virgem Maria, templo e sacrário da Santíssima Trindade, nos ajude a perseverar na verdadeira fé e, se for preciso, a dar a vida por ela. Ó Virgem Maria, Mãe de Deus, rogai por nós!
Natalino Ueda, escravo inútil de Jesus por Maria.
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