O que significa sermos apóstolos de Maria?

Conheça o significado mais profundo de sermos verdadeiros apóstolos da Virgem Maria.

Muitas são os devotos que se consagram, mas poucos os que sabem o que significa sermos apóstolos da Saníssima Virgem Maria. Consequentemente, poucos escravos de amor são verdadeiros apóstolos de Nossa Senhora. Nós consagrados, pertencemos a Mãe de Deus, sem reservas. No entanto, a consagração não nos obriga a ser apóstolos. Por isso, podíamos contentar-nos em ser apenas consagrados, servindo a Santíssima Virgem com amor. Mas, quem ama não limita-se à obediência, à rigorosa observância, da lei. Quem ama, sempre ultrapassa os limites da obrigação, faz muito mais do que é devido pela lei.

Conheça o significado mais profundo de sermos verdadeiros apóstolos da Virgem Maria.

Nossa Senhora de Pentecostes

Se fôssemos forçados a ser escravos, aceitaríamos, ainda que a contragosto. Se somos obrigados a levar o jugo da escravidão, não temos alternativa. Entretanto, a nossa escravidão a Virgem Maria não se dá por coação ou pela força, mas por amor. É o amor, e somente o amor, que inspira-nos a depender totalmente de Nossa Senhora. Se esse amor é forte o suficiente para que nos humilhemos voluntariamente, certamente ele terá o poder de fazer-nos apóstolos da Virgem Santíssima.

Todos nós, verdadeiros cristãos, amamos a Mãe de Deus. E o amor, por sua natureza, é comunicativo. Por isso, tem aversão aos limites e, ao mesmo tempo, a necessidade de crescer, de expandir. O amor é como uma chama na palha seca, que não podemos conter, que espalha-se rapidamente. Da mesma forma, o espírito do apostolado da Santíssima Virgem é consequência direta do amor, que não pode ser aprisionado.

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O que é preciso para ser apóstolo de Maria?

Para ser apóstolo de Nossa Senhora, duas coisas são necessárias: a convicção no espírito e a chama do amor no coração. Estes dois elementos constituem o entusiasmo indispensável ao apostolado. O entusiasmo é a fonte e o alimento do zelo que mantém vivo o apostolado. “Esta doutrina do entusiasmo, infelizmente esquecida por muitos escritores e desprezada pelos pessimistas, é filosófica e psicologicamente certa, baseada sobre a sã teologia e sobre a vida dos santos”1.

Consideremos que um homem tem uma ideia fixa, entreviu um ideal e por ele se apaixona. Ele tem a convicção de nunca realizar esse ideal, mas insistentemente prossegue, aproxima-se do ponto luminoso que o atrai, como que arrastado por um ímã poderoso, e fascina a totalidade da sua alma. Este homem é uma potência; será capaz de realizar maravilhas! A chama que arde em seu peito sustentará sua convicção e, ao mesmo tempo, esta convicção fecundará a chama que a sustenta. Deste produto do espírito e do amor nascerá a paixão, que tanto admiramos nos santos e santas, nos eminentes homens e mulheres de Deus.

Os santos são todos grandes apaixonados da glória de Deus. O apóstolo que tudo deixa, que diz adeus à família, à pátria, e até a sua própria vida, é um apaixonado da vontade do Senhor. O mártir que afronta o carrasco em seus tormentos, desprezando a vida mais fácil e atraente, é um apaixonado do amor de Deus.

Nós, que somos consagrados a Nossa Senhora, somos chamados a responder ao sublime chamado de sermos apóstolos:

Geração de apóstolos de Maria, levantai-vos! Chegou a hora de mostrardes ao mundo vosso ideal e vossa chama! Levantai-vos e hasteai a bandeira azul das glórias de Maria no alto, bem no alto de vossos sentimentos!… Há mais de dois séculos que Montfort anunciou vossa chegada! O mundo vos espera! A Virgem vos contempla! Jesus Cristo vos anima! Vinde! Já o clarim das novas batalhas vos anuncia o instante supremo… é vossa hora! Sois vós que deveis levantar a fé, a esperança e a caridade! É por vós que a cruz deve triunfar e que o Coração de Jesus deve regenerar o mundo, que está morrendo nas angústias da indiferença e da blasfêmia2.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo com o tema “Santa Teresinha, missionária da Cruz”:

O programa missionário dos apóstolos da Virgem Maria

Quem serão esses apóstolos? Como o mundo os reconhecerá? Qual será o apostolado desses fiéis escravos de Maria? As palavras proféticas de São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande apóstolo e precursor do Reino da Virgem Maria, anteciparam a fisionomia e descreveram o programa desses apóstolos, suas lutas e vitórias: “Serão ministros do Senhor, devorados por um fogo ardente, que alçarão por toda a parte o incêndio do amor divino, e hão de ser ‘sicut sagittate in manu potentis’ (Sl 126, 4), flechas agudas nas mãos de Maria, toda poderosa para transpassar seus inimigos”3. Este é o primeiro traço da fisionomia desses apóstolos: serão flechas e fogo nas mãos de Nossa Senhora. Serão flechas, pelo zelo e fogo, pelo amor. No entanto, da mesma forma que a flecha não atinge o alvo se não for lançada por mãos hábeis, estes apóstolos devem ser instrumentos dóceis nas mãos da Mãe de Deus, completamente entregues à sua vontade.

São Luís Maria continua descrevendo estes escravos e filhos de Maria: “Serão filhos de Levi, bem purificados no fogo das grandes tribulações, e bem colados a Deus, que levarão o ouro do amor no coração, o incenso da oração no espírito, e a mirra da mortificação no corpo”4. Este é o segundo traço da fisionomia dos apóstolos de Nossa Senhora: serão submetidos a duras provas e unidos intimamente a Deus. Seus corações transbordarão de amor, e este amor será incessantemente alimentado pela oração e pela mortificação.

A humildade e a mortificação serão sinais distintivos destes grandes homens de Deus: “serão em toda parte para os pobres e os pequenos o bom odor de Jesus Cristo, e para os grandes, os ricos e os orgulhosos do mundo, um odor repugnante de morte”5. Entretanto, o sinal distintivo dos apóstolos de Maria, entre todos, será a predileção pela cruz e pelo rosário: “em seus ombros ostentarão o estandarte ensanguentado da cruz, na direita, o crucifixo, na esquerda o rosário, no coração os nomes sagrados de Jesus e de Maria, e, em toda a sua conduta, a modéstia e a mortificação de Jesus Cristo”6. Como outrora profeticamente anunciou São Luís Maria, somos chamados a ser apóstolos da Mãe de Deus e mostrar-nos ao mundo:

Oh! Aparecei, apóstolos de Maria! Como nosso século precisa de vossas enérgicas lições e de vossos exemplos de amor à cruz, pois todo ele está mergulhado no oceano do luxo e da sensualidade que avassalam o mundo!

Mostrai-nos outra vez o espetáculo daqueles santos que traziam sobre o peito a cruz de pontas agudas, que ensanguentavam seu corpo, que gravavam no peito com um ferro incandescente os nomes de Jesus e de Maria, e que procuravam suas mais profundas delícias em mortificar-se, crucificar-se para assim completarem em sua carne o que falta à paixão do Redentor!

Que o espetáculo dessa crucifixão de seu corpo nos ensine a amar o crucifixo e o rosário, fontes perenes de tantas e tamanhas graças!7

Façamos ecoar acima de nossas cabeças esta palavra inflamada do Evangelho: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24). Andemos como desejava São Luís Maria que o fizéssemos: “ensinado o caminho estreito de Deus na pura verdade, conforme o santo Evangelho, e não pelas máximas do mundo, sem se preocupar nem fazer acepção de pessoa alguma, sem poupar, escutar ou temer nenhum mortal, por poderoso que seja”8.

As palavras seguintes, que dizem respeito mais particularmente aos sacerdotes, aplicam-se também aos fiéis, especialmente às almas devotas: “Eis os grandes homens que hão de vir, suscitados por Maria, em obediência às ordens do Altíssimo, para que o seu império se estenda sobre o império dos ímpios, dos idólatras e dos maometanos”9.

O apostolado universal dos escravos de Maria

Para ser apóstolo de Nossa Senhora não é necessário deixar nossa pátria, nem a nossas famílias, pois isso é privilégio de almas superiores, que Deus suscita e eleva a tal heroísmo. Cada um de nós, no círculo de nossas relações cotidianas, na família, no trabalho, na comunidade, pode ser um apóstolo de Maria. Cada alma piedosa pode receber esse título. Para isso, basta amarmos verdadeiramente a Santíssima Virgem e esforçar-nos por fazê-la amada pelas pessoas mais próximas: pelos membros das nossas famílias, pelos nossos amigos e por todos que possamos influenciar.

Para sermos verdadeiros apóstolos, falemos muitas vezes de Nossa Senhora. Falemos de Maria às crianças, aos enfermos, aos pobres. Entremos nas suas irmandades, confrarias, congregações. Sustentemos as obras dedicadas a Virgem Maria e propaguemos os escritos que têm como finalidade fazê-la mais conhecida e amada. Apliquemo-nos principalmente às virtudes que a Santíssima Virgem pede aos seus fiéis apóstolos: a mortificação e a humildade. Pois, a mortificação nos desapega das coisas da Terra e a humildade nos leva à glória do Céu. Ajuntemos a estas virtudes o sinal exterior do nosso amor a Nossa Senhora, que é a recitação frequente do Santo Rosário.

Oh! Sim! Sejamos Apóstolos de Maria! Sacerdotes, – sede-o em toda a extensão da palavra e segundo as indicações de Montfort. Religiosos e Religiosas, – sede-o também, pois, afora o exercício do santo ministério, deveis ter toda a ação benéfica dos sacerdotes.

E vós, almas desejosas de perfeição, sede-o pelos vossos exemplos, vossas palavras e vossas orações.

Tenhamos os nomes sagrados de Jesus e de Maria no coração e nos lábios, a mortificação no corpo, e o rosário nas mãos!

Com estes escudos alcançaremos a vitória!10

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “São José de Anchieta”:

Apóstolos de Maria: homens e mulheres marianos

Este apostolado deve ser o distintivo principalmente das congregações marianas. O Cardeal D. Leme dizia várias vezes: “A fita azul salvará o Brasil!”. A devoção a Nossa Senhora salvaria o mundo se compreendêssemos as vantagens de sermos homens e mulheres marianos, se déssemos as mãos para uma ação conjunta na reforma religiosa das almas jovens. “Há em nossa querida pátria um movimento mariano admirável, cheio de vida e de ardor, ao ponto que não existe quase cidade em que não haja uma congregação mariana em plena florescência. É uma necessidade!”11

Os jovens de nosso tempo sentem brilhar diante de seus olhos um ideal mais alto que o grosseiro materialismo do ter e do prazer e compreendem que o futuro do nosso país está nas suas mãos. Se hoje são jovens, amanhã serão os dirigentes das empresas, das instituições. Por isso, é necessário formar, educar a juventude. Para este fim, nenhum meio é mais eficaz que reunir os jovens em redor da Mãe de Deus e incutir-lhes a chama do entusiasmo e do amor a ela.

Apóstolos da Virgem Maria para o mundo

Não contentemo-nos em ser marianos para nós mesmos. Sejamos verdadeiros apóstolos, colocando aos pés da Santíssima Virgem o nosso ardor, a nossa força vital, os nossos esforços. Nossa Senhora precisa de apóstolos. Ela chama estes apóstolos. Cabe a nós ser estes apóstolos, unidos a nossos irmãos, para formarmos, todos juntos, um exército de generosos consagrados de Santíssima Virgem. “Ser filho de Maria é uma garantia de salvação! Ser Apóstolo de Maria é uma garantia de santidade”12.

Nosso apostolado deve ter como base o amor a Maria Santíssima e por alimento a Eucaristia. Avancemos, jovens católicos! Sigamos rumo à conquista do mundo e o depositemos aos pés de Nossa Senhora, para que ela o regenere e apresente a nosso Senhor! Sejamos apóstolos, por amor a Mãe de Deus! Repitamos, cada um de nós, a palavra de Jesus: “Oportet me evangelizare regnum Dei” – “É necessário que eu anuncie a boa nova do Reino de Deus” (Lc 4, 43). Temos que ser apóstolos, custe o que custar! Esta é a nossa missão de jovem, de cristão e de mariano! Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos, rogai por nós!

Natalino Ueda, apóstolo inútil de Jesus por Maria.

Links relacionados:

TODO DE MARIA. O que significa ser servo de Nossa Senhora?

TODO DE MARIA. O que significa ser filho de Nossa Senhora?

TODO DE MARIA. O que significa ser escravo de Maria?

Referências:

2 Idem, p. 58.

3 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, 56.

4 Idem, ibidem.

5 Idem, ibidem.

6 Idem, 59.

7 PADRE JÚLIO MARIA LOMBAERDE. Op. cit., p. 59-60.

8 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 59.

9 Idem, ibidem.

10 PADRE JÚLIO MARIA LOMBAERDE. Op. cit., p. 60-61.

11 Idem, p. 61.

12 Idem, p. 62.

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