A Virgem Maria, com sua caridade ardente, é modelo da solicitude da Igreja para com todos os homens.
A Igreja, cada um de nós, imita a “caridade ardente”1 da bem-aventurada Virgem Maria, pois o serviço de caridade eclesial é um “serviço mariano”2. Maria empresta o seu sorriso a nós para que nos tornemos, “na fidelidade ao seu Filho, fontes de água viva”3 para as pessoas a quem prestamos nosso serviço de amor. “A ação da Igreja no mundo é como que um prolongamento da solicitude de Maria”4. Pois, a Virgem Santíssima, na Jerusalém Celeste, continua a nos amar, ainda mais do que quando esteve aqui na Terra, pois agora ela conhece mais claramente as nossas misérias5.
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O amor operoso, eficaz, testemunhado pela Virgem Santíssima – em Nazaré no acolhimento generoso da vontade do Pai6, na visita à casa de Isabel nos seus últimos meses de gravidez7, nas bodas de Caná, em sua solicitude para com as necessidades daqueles que comemoravam um casamento8, no Calvário, junto à cruz de Jesus9, todos estes momentos salvíficos de vasto alcance eclesial – “encontra a sua continuidade na preocupação materna da Igreja para que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade10, nos seus cuidados para com os humildes, os pobres e os fracos, e na sua aplicação constante em favor da paz e da concórdia social, no seu prodigalizar-se, enfim, para que todos os homens tenham parte na Salvação que a morte de Cristo lhes mereceu”11.
A leitura da Palavra de Deus, “feita sob ação do Espírito Santo e tendo presentes as aquisições das ciências humanas e as várias situações do mundo contemporâneo, levará a descobrir que Maria pode bem ser tomada como modelo naquilo por que anelam (desejam ardentemente) os homens do nosso tempo”12. A mulher de hoje, “desejosa de participar com poder de decisão nas opções da comunidade, contemplará com íntima alegria a Virgem Santíssima, que, assumida para o diálogo com Deus, dá o seu consentimento ativo e responsável, não para a solução dum problema contingente, mas sim da ‘obra dos séculos’ (a Salvação da humanidade) como foi designada com justeza a Encarnação do Verbo”13.
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A partir do Evangelho, a mulher contemporânea se dará conta de que a escolha pela virgindade por parte de Maria, que no desígnio de Deus a dispunha para a colaboração no mistério da Encarnação14, não foi um ato de fechamento aos valores do matrimônio, mas sim uma opção corajosa, de se consagrar totalmente ao amor de Deus. Através das Escrituras, a mulher do nosso tempo verificará que a Virgem de Nazaré, apesar de absolutamente abandonada à vontade do Senhor, longe de ser uma mulher passivamente submissa ou de viver uma religiosidade alienante, foi uma mulher que não duvidou em prevenir-se de que Deus é vingador dos humildes e dos oprimidos e derruba dos seus tronos os poderosos do mundo15. Ela reconhecerá em Maria, que é “a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor”16, uma mulher forte, que conheceu de perto a pobreza e o sofrimento, a fuga e o exílio17.
Estas situações de sofrimento vividas pela Mãe de Jesus não podem ser esquecidas por quem quiser favorecer, com Espírito evangélico, as energias libertadoras do homem e da sociedade. Maria não é uma mãe apegadamente voltada somente para o próprio Filho, mas sim aquela “Mulher” que favoreceu a fé da comunidade apostólica em Cristo18, “cuja função materna se dilatou, vindo a assumir no Calvário dimensões universais”19.
Assim, Nossa Senhora tornou-se Mãe de toda a humanidade, por isso, sua figura materna não desilude as nossas aspirações mais profundas. Pelo contrário, a Mãe da Igreja nos oferece o modelo acabado dos discípulos de Jesus Cristo, obreiros da cidade terrena e temporal – peregrinos que procedem com coragem, iniciativa e sabedoria – em direção à cidade celeste e eterna. A Virgem Maria é também modelo daqueles que promovem a justiça, libertam o oprimido, exercem a caridade socorrendo os necessitados, daqueles que são testemunhas operosas do amor de Jesus Cristo nos corações. A Mãe de Deus não nos ensina somente como devemos amar, mas também cuida de nós com seu amor materno e nos dá o seu auxílio, para que, por ela, possamos amar, com sua caridade ardente. Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!
Referências:
2 PAPA BENTO XVI, A estrela da Esperança: As peregrinações de Sua santidade o Papa Bento XVI aos santuários marianos, Lisboa, 2011, p. 95.
3 Id., ibid.
4 PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis cultus, 28.
5 Cf. SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Glórias de Maria. São Paulo: Aparecida, 1989, p. 422.
6 Cf. Lc 1, 26-38.
7 Cf. Lc 1, 39-56.
8 Cf. Jo 2, 1-12.
9 Cf. Jo 19, 25-27.
10 Cf. 1 Tm 2, 4.
11 PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis cultus, 28.
12 Id., 37.
13 Id., ibid.
14 Cf. Lc 1, 26-38.
15 Cf. Lc 1,51-53.
17 Cf. Mt 2, 13-23.
18 Cf. Jo 2, 1-12.
19 PAPA PAULO VI. Exortação Apostólica Marialis cultus,37.