Na Quaresma, a Igreja ensina que devemos fazer jejum, penitência e abstinência.
Na Quaresma, a Igreja ensina que devemos fazer jejum, penitência e abstinência, para mortificar a carne e para favorecer a oração e o encontro com Deus. A Palavra de Deus nos recorda que o jejum, esmola e oração (cf. Mt 6, 1-6.16-18), são práticas necessárias para nós em nossa peregrinação espiritual, especialmente na quaresma. Para fazer um bom e santo jejum, válido e conforme os ensinamentos da Igreja, devemos conhecer quais são os tipos de jejum. As mais conhecidas práticas de jejum são: 1) Jejum da Igreja; 2) Jejum a pão e água; 3) Jejum à base de líquidos; 4) Jejum completo. Todos esses tipos de jejum tem seu valor e, por isso, podemos escolher aquele que mais atende as nossas necessidades físicas e espirituais. O jejum da Igreja é recomendado para aquelas pessoas que não estão acostumadas a fazer jejum ou, por motivo de saúde, não podem fazer outro tipo de jejum. Para as pessoas que podem, o jejum a pão e água, à base de líquidos ou completo, são opções muito recomendadas, especialmente para aquelas pessoas mais adiantadas em seu caminho de fé ou que querem dar um passo a mais em sua busca por Deus e pela santidade de vida.
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Os consagrados, ou escravos de amor, a Virgem Maria, segundo o método do “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria“, de São Luís Maria Grignion de Montfort, oferecem o seu jejum a Jesus Cristo pelas mãos da Santíssima Virgem. Oferecendo-o a Nossa Senhora, ela purificará e aumentará o valor do nosso jejum para entregá-lo a seu Filho (cf. TVD 147). Porém, o fato de sermos consagrados a Maria não impede que peçamos algo a ela, que coloquemos alguma intenção em nosso jejum, para nós mesmos, nossos filhos e familiares, ou ainda por qualquer outra pessoa ou situação. Todavia, quem vai usar dos valores do nosso jejum é a Virgem Maria e, com isso, não perdemos, mas ganhamos pois ela sabe melhor do que nós como aplicar aquilo que lhe oferecemos (cf. TVD 122).
Durante a quaresma, a Igreja pede que façamos jejum e abstinência de carne (de frango, boi, porco e outros) na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa. Nas outras sextas-feiras do ano, o jejum não é obrigatório, mas devemos fazer “abstinência de carne ou de outro alimento […] em todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades” (Código de Direito Canônico, cânon 1251). Com relação a este cânon, a CNBB afirma que o fiel católico brasileiro pode substituir a abstinência de carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou ainda trocar a carne por um outro alimento (cf. CNBB, Diretório da Liturgia e da organização da Igreja no Brasil, 2010).
Assista vídeo do Padre Paulo Ricardo sobre o ensinamento da Igreja sobre o jejum e a abstinência de carne:
Ouça áudio do Padre Paulo Ricardo sobre o ensinamento da Igreja sobre o jejum e a abstinência de carne:
A Igreja nos pede o mínimo necessário para viver uma vida cristã autêntica, mas somos livres, com exceção das solenidades, para fazer abstinência, jejum, penitência, especialmente na Quaresma, oferecendo sacrifícios por amor a Jesus Cristo e a Virgem Maria. Quando os jejuns não são obrigatórios o valor desse oferecimento para Deus será ainda maior. Não nos acostumemos a oferecer ao Senhor o mínimo, pois Ele nos deu o máximo, ofereceu Seu único Filho em sacrifício pela nossa salvação (cf. Jo 3, 16). Podemos fazer outras formas de penitência, jejum ou abstinência: abster-nos de comer doces ou tomar refrigerantes; deixar de assistir TV ou filmes, acessar a Internet; falar somente o necessário, evitando conversas vãs.
Deus foi generoso conosco, por isso, devemos e podemos também ser generosos com Ele, dentro de nossas possibilidades físicas, pois o jejum não pode prejudicar a saúde, e espirituais, pois Ele respeita o nosso caminhada na fé. Fazer jejum e abstinência é deixar de tomar algum tipo de alimento para mortificar o corpo e para nos aproximar de Deus e, a partir disso, nos aproximar também dos nossos irmãos. Por isso, aquilo que deixamos de comer e/ou beber deve ser doado para alguém que passa por necessidades. Este é o jejum na sua forma mais correta e completa, conforme os ensinamentos da Igreja, e mais santo e agradável a Deus.
Quanto à idade para fazer o jejum e a abstinência, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) adotou os critérios do Código de Direito Canônico, acrescentando apenas o limite de idade para o jejum: “Estão obrigados à lei da abstinência aqueles que tiverem completado catorze anos de idade; estão obrigados à lei do jejum todos os maiores de idade (quem completou 18 anos) até os sessenta anos começados. Todavia, os pastores de almas e pais cuidem para que sejam formados para o genuíno sentido da penitência também os que não estão obrigados à lei do jejum e da abstinência, em razão da pouca idade” (CNBB, Diretório da Liturgia e da organização da Igreja no Brasil, 2010).
Que o Senhor Jesus, pelo Espírito Santo, nos ilumine para que esta Quaresma seja frutuosa, que não seja apenas um tempo de jejum, penitência e abstinência, mas que este tempo penitencial nos leve a um encontro mais profundo com Deus e com os irmãos. Deus nos abençoe e a Virgem Maria nos acompanhe no caminho penitencial desta Quaresma. Nossa Senhoras das Dores, rogai por nós!