A Assunção de Maria e a sua glória nos Céus

Meditemos sobre o mistério da Assunção da Virgem Maria e a sua glória no Reino dos Céus: “…me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1, 48-49).

Na primeira Leitura da solenidade da Assunção da Santíssima Virgem Maria aos Céus, a Liturgia saúda a Mãe de Deus aplicando-lhe as palavras do livro do Apocalipse de São João: “Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1). Nesta visão profética, essa Mulher excepcional aparece grávida, esperando um filho, e em luta contra o “dragão” o eterno inimigo de Deus e dos homens (v. 2-3).

Meditemos sobre o mistério da Assunção da Virgem Maria e a sua glória no Reino dos Céus: “...me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1, 48-49).

Guido Reni, Assunzione di Maria Vergine, 1615-1620, Chiesa di S.Ambrogio, Genova.

Este contraste entre a luz e as trevas, entre a glória e a guerra, faz-nos pensar nas palavras dirigidas por Deus à serpente enganadora: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15). Tudo isto se realizou por meio de Maria Santíssima, a Mãe de nosso Senhor Jesus Cristo, contra quem se precipitou Satanás, que foi definitivamente vencido por seu divino Filho.

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A Assunção e a glória da Virgem Maria nos Céus

Nosso Senhor Jesus Cristo, filho de Nossa Senhora, é o Vencedor da morte, do pecado, de Satanás. No entanto, para que gozemos plenamente da vitória por Ele alcançada, é necessário que, tal como Ele, enfrentemos a luta contra os demônios.

Neste terrível combate, somos amparados pela fé em Jesus Cristo e pelo poder da Sua graça. Mas, também contamos com a proteção maternal de Maria Santíssima que, da glória dos Céus, não cessa de interceder por todos nós que combatemos no seguimento de seu diletíssimo Filho. Se todos nós combatermos, sairemos vencedores em virtude do sangue do Cordeiro (cf. Ap 12, 11), o sangue que Lhe foi dado pela Virgem Maria, Mãe de Deus. Nossa Senhora deu ao mundo o Salvador. Por meio dela chegou a nós salvação, o poder e o reinado do nosso Deus, e a autoridade do Seu Cristo (cf. v. 10). Assim aconteceu porque foi esta a vontade “daquele que determinou que alcançássemos tudo por meio de Maria”[1].

Enquanto a visão apocalíptica mostra o filho da mulher elevando-se para junto do trono de Deus, – alusão à Ascensão de Jesus Cristo aos Céus – apresenta a própria mulher em fuga para um lugar preparado por Deus (cf. Ap 12, 5-6), figura da Assunção da Virgem Maria para a glória do Reino dos Céus. Maria Santíssima é a primeira criatura a participar plenamente na felicidade de seu Filho divino. Unida ao Verbo eterno como Mãe e “companheira singularmente generosa, que cooperou de maneira singularmente ímpar”[2] na Sua obra de salvação, assunta aos Céus em corpo e alma, participa da Sua glória.

A ideia indicada pela primeira Leitura desta Solenidade é completada pela segunda (cf. I Cor 15, 20-26). São Paulo, falando de Jesus Cristo, primícias dos ressuscitados, diz que um dia todos os crentes terão parte na Sua glorificação, mas em graus diversos: “como primícias, Cristo; em seguida, os que forem de Cristo, na ocasião de sua vinda” (I Cor 15, 23). Entre os cristãos, o primeiro lugar pertence, sem dúvida, a Nossa Senhora, que foi sempre de Deus, porque jamais conheceu o pecado.

A Assunção da Virgem Maria e o seu auxílio nas adversidades

A Virgem Santíssima é a única criatura em quem o esplendor da imagem de Deus nunca se ofuscou. Ela é a Imaculada Conceição, a obra-prima e intacta da Santíssima Trindade, em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sentiram as Suas complacências, encontrando nela uma resposta total ao Seu amor. A resposta da Virgem Maria ao amor de Deus ressoa no Evangelho da Anunciação (cf. Lc 1, 35-39), tanto nas palavras de Santa Isabel, que exaltam a grande fé que levou a Virgem de Nazaré a aderir, sem vacilação alguma, à vontade divina, bem como nas da própria Virgem, que entoa um hino de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizou nela. Maria Santíssima não olha para si mesma a não ser para reconhecer a sua humildade e, a partir desta virtude, eleva-se para Deus a fim de glorificar a Sua misericórdia, a Sua intervenção e o Seu poder em favor dos humildes e dos pobres entre os quais se situa com a maior simplicidade.

A sua resposta ao amor Infinito de Deus, que a escolheu entre todas as mulheres para ser Mãe do Seu divino Filho, é, invariavelmente, a que deu ao Arcanjo São Gabriel: “Eis aqui a escrava do Senhor” (v. 38). Para a Virgem Maria, ser escrava significa estar totalmente aberta e disponível à vontade de Deus, ou seja, Ele pode fazer dela o que quiser. E Deus, depois de tê-la associado à Paixão de Seu Filho, glorifica-la-á realizando nela as palavras do cântico do Magnificat: “Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes” (v. 51). Pois, a humilde escrava do Senhor, efetivamente “foi elevada ao céu em corpo e alma… para assim se conformar mais plenamente com o Seu Filho, Senhor dos senhores”[3].

Em Maria Santíssima, elevada aos Céus em corpo e alma, todos nós temos uma poderosa advogada e, também, um extraordinário modelo de santidade. Dela aprendemos a reconhecer a nossa pequenez, a oferecer-nos a Deus em disponibilidade total à Sua vontade e a acreditar no amor misericordioso e onipotente com fé inquebrantável.

Ouça ao programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A fé humilde de Nossa Senhora”:

Oração a Nossa Senhora da Assunção

Ó amor de Maria, amor ardente da Virgem! És excessivamente ardente…, um corpo mortal não pode conter-te: é excessivamente abrasado o teu ardor para que possa ocultar-se sob esta pobre cinza. Vê…, brilha na eternidade; vê, arde, queima diante do trono de Deus…; apaga-te aqui e multiplica-te no seio deste Deus o único que pode conter-te[4].

Oh Virgem Imaculada, Mãe de Deus e mãe dos homens! Nós cremos, com todo o fervor da nossa fé, na tua Assunção triunfal em corpo e alma ao céu, onde és aclamada Rainha por todos os coros dos anjos e por todos os exércitos dos santos; unindo-nos a eles para louvar, bendizer ao Senhor que te exaltou sobre todas as outras criaturas, e para te oferecer as aspirações da nossa devoção e do nosso amor.

Sabemos que o teu olhar, que acariciava maternalmente a humanidade abatida e dolorosa de Jesus na terra, se sacia no céu com a visão da humanidade gloriosa da Sabedoria incriada e que a alegria do teu espírito, ao contemplar face a face a adorável Trindade, faz estremecer o teu coração de beatificante ternura; e nós, pobres pecadores, nós a quem o corpo corta o véu do espírito, pedimos-te que purifiques os nossos sentidos para que aprendamos, já na terra, a saborear a Deus, somente, no encanto das criaturas.

Confiamos que os teus olhos misericordiosos se inclinem sobre as nossas misérias e sobre as nossas angústias, sobre as nossas lutas e sobre as nossas fraquezas, que os teus lábios sorriam partilhando os nossos gozos e as nossas vitórias; que escutes a Jesus dizer-te, de cada um de nós, como outrora do discípulo amado: “Eis aí o teu filho”. E nós, que te invocamos como mãe nossa, te tomemos, como João, por guia, força e consolação da nossa vida mortal!

Desde a terra onde peregrinamos, confortados pela fé na futura ressurreição, olhamos para ti; nossa vida, nossa doçura e nossa esperança. Atrai-nos com a doçura da tua voz para mostrar-nos, um dia, depois deste desterro, a Jesus, fruto bendito do vosso ventre ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria![5].

Links relacionados: 

TODO DE MARIA. A Assunção da Virgem Maria ao Reino dos Céus.
TODO DE MARIA. O mistério da Assunção de Nossa Senhora.
TODO DE MARIA. Os fundamentos do dogma da Assunção de Maria.

Referências:


[1]  SÃO BERNARDO. De aquaeductu, 7.
[2]  CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 61.
[3]  Idem, 59.
[4]  J. B. BOSSUET. A Assunção da Virgem, I, I.
[5]  P. GABRIEL DE S. MARIA MADALENA, OCD. Intimidade Divina: Meditações sobre a vida interior para todos os dias do ano, p. 1236.

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