Como compreender a mediação da Virgem Maria e a única mediação de Jesus Cristo?
A mediação da Virgem Maria está intimamente ligada a única mediação de Jesus Cristo junto ao Pai. Há um só mediador entre Deus e os homens: “Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e a humanidade: o homem Cristo Jesus, que se entregou como resgate por todos” (1 Tim 2, 5-6a). “Mas a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 60). A solicitude materna da Mãe de Deus pela humanidade se expressa através da sua mediação nas Bodas de Caná: “Eles não têm vinho!” (Jo 2, 3b).
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A mediação junto ao seu Filho, único mediador entre Deus e os homens, “manifesta concretamente esta maternidade nova, segundo o espírito e não somente segundo a carne, ou seja, a solicitude de Maria pelos homens, o seu ir ao encontro deles, na vasta gama das suas carências e necessidades” (Carta Encíclica Redemptoris Mater, 21). Nossa Senhora coloca-se como “mediadora, não como uma estranha, mas na sua posição de mãe, consciente de que como tal pode – ou antes, ‘tem o direito de’ – fazer presente ao Filho as necessidades dos homens. A sua mediação, portanto, tem um carácter de intercessão: Maria ‘intercede’ pelos homens. E não é tudo: como Mãe deseja também que se manifeste o poder messiânico do Filho, ou seja, o seu poder salvífico que se destina a socorrer as desventuras humanas, a libertar o homem do mal” (Idem, ibidem).
A Igreja sabe e ensina que “todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 60).
A mediação da Virgem Maria está intimamente ligada à sua maternidade, por isso, possui um carácter especificamente maternal. Isso a distingue da mediação das outras criaturas que, de diferentes modos e sempre subordinados, participam na única mediação de Cristo, ainda que também a mediação de Maria permanece subordinada. O influxo salutar da mediação materna de Maria “é apoiado pelo Espírito Santo, que, assim como estendeu a sua sombra sobre a Virgem Maria, dando na sua pessoa início à maternidade divina, assim também continuamente sustenta a sua solicitude para com os irmãos do seu Filho” (Carta Encíclica Redemptoris Mater, 38).
Depois da Ascensão do seu Filho Jesus (cf. Lc 24, 51), a maternidade de Maria permanece na Igreja enquanto mediação materna. Como no Cenáculo em Jerusalém (cf. At 1, 14), a Virgem Santíssima permanece intercedendo por todos os seus filhos, cooperando na obra salvífica do Redentor do mundo. Esta mediação materna de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, até à consumação perpétua de todos os eleitos. “Com a morte redentora do seu Filho, a mediação materna da serva do Senhor revestiu-se de uma dimensão universal, porque a obra da Redenção abrange todos os homens. Assim se manifesta, de modo singular, a eficácia da única e universal mediação de Cristo ‘entre Deus e os homens’. A cooperação de Maria participa, com o seu carácter subordinado, na universalidade da mediação do Redentor, único Mediador” (Idem, 39).