Conheça o testemunho de Angelina Carraro, uma mulher que diz com convicção: meu espelho há de ser Maria, visto que sou sua filha!
“Mi espejo ha de ser María. Puesto que soy su hija”1. Certamente, essa frase da querida Santa Teresa de Los Andes é o norte de toda minha vida espiritual. Explicarei o porquê de tal afirmação.
Meu nome é Angelina, tenho 25 anos, sou mãe do João Bento, casada há quase quatro anos e escrava de amor a Jesus pelas mãos de Maria há seis anos. Nasci em família católica, fiz catequese, primeira Eucaristia e Crisma, mas deixei de frequentar a Igreja logo no início da adolescência.
Fiz o ensino médio e entrei para a faculdade de Física, onde me afastei ainda mais de Deus e comecei a viver um ateísmo prático. Meus professores e colegas de turma, em sua grande maioria, zombavam da fé católica e declaravam-se ateus. Eu nunca havia tido contato com essa realidade e, por estar fraca na fé, acabei cedendo ao pensamento relativista que dominava meu círculo de estudos. Por mim mesma, jamais conseguiria sair daquele meio. Até que um dia, com interesses alheios à Igreja, fui participar de um grupo de oração no dia das mães.
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Nossa Senhora, um encontro e um casamento
Um jovem deu uma palestra na qual falou de Nossa Senhora. Ele dizia com tanta convicção do auxílio da Mãe de Deus que fiquei persuadida a fazer uma tentativa. Estava próximo do calendário de provas semestrais e eu nunca fui das melhores alunas na faculdade. Resolvi “testar” Nossa Senhora e rezei dizendo que se ela realmente existisse, poderia me ajudar a ir bem no teste em que eu tinha muita dificuldade. Deus usa de pequenas iscas para nos atrair. Resultado: Tirei, inexplicavelmente, uma nota muito acima da média. A partir disso, comecei a rezar, ainda com certa desconfiança, para que Nossa Senhora me ajudasse em pequenos afazeres. Como uma filha mimada, no começo da conversão, eu era sempre atendida por minha Mãe. Contudo, ainda não havia abandonado todas as realidades que me afastavam de Deus. Não tinha forças. Foi aí que Nossa Senhora me mandou um grande auxílio!
Comecei a frequentar Missas diárias e a encontrar o rapaz que havia feito a palestra sobre Nossa Senhora. Julgava impossível algum tipo de aproximação, visto que nosso estilo de vida era completamente diferente. Mesmo sem o conhecer, comecei a mudar todos os meus maus hábitos, pois pensava que pessoas como esse rapaz não quereria nada com moças como eu era. Isso foi me dando forças para abandonar tudo que era necessário. Foi a misericórdia de Deus em minha vida. Certo dia, ele descobriu meu interesse e rezamos durante um mês, com Rosários diários, nessa intenção. Eu não sabia rezar nem a “Salve Rainha” e ainda me confundia com tantos títulos de Nossa Senhora. Mas, comecei a estudar muito para não passar vergonha diante do meu futuro esposo. Novamente, aquele que me apresentou Maria, me ajudou a não me afastar d’Ela. São os caminhos da Providência para as almas mais necessitadas.
Começamos a namorar, noivamos, vivemos a castidade e finalmente nos casamos. Não tínhamos dinheiro nem para a aliança. Nossa Senhora alcançou tudo de Jesus, assim como em Caná (cf. Jo 2, 1-12). Jesus é quem concede as graças. Mas, como é tão mais fácil quando é Sua Mãe que pede por nós. Até hoje não sei como aquelas contas todas foram pagas. Tínhamos somente a fé de que uma mãe não negaria uma festa de casamento aos filhos, caso tivesse condições. Nossa Senhora tinha todas as condições, pois foram dadas por Deus, e é a melhor das Mães. Foi tudo muito mais bonito que sonhávamos.
A modéstia e a família na escola da Virgem Maria
Nessa época, eu já era consagrada e pensava que todas as mudanças que Deus queria operar em mim já tinham sido realizadas. Ledo engano. Nossa Senhora não é uma Mãe de obras inacabadas e não descansará enquanto não entregar seus filhos a Jesus como grandes santos. É um processo que levará nossa vida toda. Certamente eu teria me condenado se não fosse a Misericórdia de Deus pelas mãos de Maria. Quem é consagrado pode confirmar a sensação de estar sempre “em obras” nas mãos de Nossa Senhora. Ela é como a mãe que arruma todos os detalhes do filho pequeno antes de uma apresentação importante. Ela trabalha em nós incansavelmente para nos levar até seu Filho da forma mais perfeita possível. Novas mudanças chegariam…
Certo dia, pesquisando sobre perfumes, puxei o fio de um assunto que até o momento eu não dava tanta atenção: a santa modéstia. Confesso que fiquei um mês em luta interior para dizer não aos meus ideais femininos e entrar na escola de Maria. Aquilo me incomodava muito e comecei a pedir que Nossa Senhora me desse a docilidade necessária para fazer a vontade de Deus em todas as áreas da minha vida. Após um período de conflitos, recebi a graça de compreender e amar essa virtude tão querida por Deus. Não foi fácil mudar certos hábitos, guarda-roupa, postura e vocabulários. Mas, tendo Maria como meu espelho, as coisas foram ficando mais claras. Muito além do exterior, Jesus queria operar em meu interior, usando de Maria.
Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre a “Modéstia: Como as mulheres devem se portar (I)”:
Eu, que sempre tive a mentalidade de ser uma grande profissional com vários títulos e pouquíssimos filhos, fui notando que Nossa Senhora foi alargando meu coração para a família e maternidade. Meu coração se enchia desses ideais e já não cabia mais em mim. Após conhecer a história de Santa Maria Domenica Mazzarello, quis também começar um apostolado com mulheres da minha cidade, que já elas estavam intrigadas com tantas saias e vestidos (são novamente as iscas que Deus usa). Encontrei duas santas amigas com o mesmo propósito e assim começamos a fazer reuniões, que viraram retiros e agora tornou-se um belo grupo de mulheres que querem nadar contra a corrente e, muito além de viver uma mudança exterior, buscar ser diferente do referencial do mundo. Temos Maria como nosso referencial! Somos um Apostolado Feminino Mariano.
Cada uma com suas histórias e realidade de vida, mas com um inconformismo com o que nos é imposto pelo mundo. Buscamos a liberdade de viver como filhas de Deus em todos os aspectos, sabendo que o que podemos fazer de mais valioso não é gerar lucros no mercado de trabalho, mas sim amar e guiar nossas famílias para o Céu. Essa tem sido nossa meta e lutamos para aprender isso com Nossa Senhora todos os dias. É um processo de conversão longo e difícil, mas estamos bem amparadas. Ainda assim, Deus pedia um passo a mais. É fácil fazer discursos bonitos sobre sacrifício pela família, amor pelos filhos, etc. Nossa Senhora quis me ensinar na prática.
Aprendendo a amar na escola de Nossa Senhora
Sempre rezei para que nunca perdesse um filho. Não sei explicar o motivo, mas carreguei esse medo por anos. Preferia não engravidar a passar por esse sofrimento. Certo dia, conheci a história da mãe de Santa Teresinha, que enterrou quatro filhos. No velório de uma das crianças ela narra a resposta dada a uma senhora que a abordou dizendo que era melhor não ter filhos do que passar por aquela situação. A resposta foi como uma lança para mim. Ela preferia passar por todos os sofrimentos nessa terra para ter a graça de um filho no Céu, do que nunca dar a existência a um filho. Era essa a meta dela. Não uma família de comercial de margarina. Santa Zélia desejava uma família santa e, de fato, teve. Após ler isso, rezei pedindo que Nossa Senhora me livrasse do egoísmo e pedi que ela me ensinasse a sofrer tudo que fosse necessário pela minha família.
Nessa época, após três anos de tentativas, eu engravidei. Meu João Bento chegou e encheu minha vida de alegria e gratidão. Sempre o entreguei nas mãos de Deus para que o fizesse um santo, não importando o que eu teria que passar. Deus o fez, levando meu filho direto para os Seus braços sem passar pelos meus. Entrei na escola de Maria, conhecendo um pouco do sofrimento da mãe que perde o seu filho. Sou muito grata a Deus por essa oportunidade de ser mãe, amar e sofrer pela minha família. Esse amor nos tira do egoísmo e purifica a nossa intenção. Lembro-me que, após sair da sala de ultrassom com a notícia da morte do meu filho, o médico me deu a chave do consultório e me deixou ficar sozinha por um momento. Fiquei lá sozinha com meu terço nas mãos. Osculei-o e, olhando para a Cruz, Nossa Senhora me ajudou a dizer: “Senhor, agora eu vos amo ainda mais.”
Pelas disposições da Providência, minha mãe estava viajando e meu esposo também. Era eu e Nossa Senhora. Ela me ensinou tudo naquele momento. Ela tem me carregado, sustentado e me colocado aos pés de Cristo. Por isso, eu posso dizer como o anjo: “Não temas em receber Maria” (Mt 1, 20). Ela não está dormindo, Ela está no centro da luta. Quis Jesus nos entregar sua Mãe antes da morte na Cruz (cf. Jo 19, 25-27), para nos ajudar, guiar e levar até Deus. Essa foi a vontade de Deus para mim e é para todos que queiram fazer essa experiência. A Misericórdia de Deus em minha vida é a doçura de Sua Mãe Santíssima. Sei que ainda estou no começo da conversão, mas a confiança de que tenho uma Mãe que não vai desistir de mim até eu chegar ao Céu, não me deixa desanimar. Por tudo que relatei e tantas outras experiências que vivi, hoje posso dizer com toda certeza que meu espelho há de ser Maria, visto que sou sua filha!
Angelina Carraro, escrava de amor a Jesus pelas mãos de Maria.
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PADRE PAULO RICARDO. Pudor e modéstia.
Referência:
1 SANTA TERESA DE LOS ANDES. Sufrir com alegria, carta a la Virgen.