O desejo e a busca do poder e das riquezas deste mundo nos afastam de nosso tesouro no Reino dos Céus.
Em nossos dias, cada vez mais nos deparamos com a busca pelo poder e pelas riquezas deste mundo e com o esquecimento do tesouro que nos espera no Reino dos Céus. Até mesmo dentro da Igreja podemos nos deparar com esta realidade, pois trazemos em nós as consequências do pecado original. No Evangelho de Mateus, Jesus Cristo é questionado por seus discípulos sobre quem é o maior no Reino dos Céus1. Para explicar aos seus quem será o maior, Ele chamou uma criança, a colocou no meio deles e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus”2. O Mestre também ensina que quem se faz pequeno como uma criança será o maior no Reino dos Céus3.
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Jesus nos ensina que fazer-nos pequenos neste mundo é o segredo para sermos grandes no Reino de Deus. Esta verdade, que nos foi revelada por Cristo, é o contrário da mentalidade do mundo. A maioria das pessoas querem ser grandes e ter muitas riquezas, por isso, estão mais sujeitas a quedas. Quando nos apegamos ao poder e às riquezas temos mais tendência ao egoísmo, ao orgulho, à vaidade, à falta de caridade. Mesmo apegados ao poder e às riquezas deste mundo podemos alcançar a salvação, como o bom ladrão4, mas jamais seremos grandes no Reino dos Céus.
Ao contrário, quando caminhamos na contramão da mentalidade deste mundo e não somos apegados às coisas, ao poder, às pessoas, mais facilmente alcançaremos a salvação e teremos maior glória no Reino dos Céus. Pois, desapegando-nos das coisas, do poder, dos prazeres deste mundo, fazemo-nos pequenos neste mundo e tornamo-nos como crianças e alcançaremos maior grandeza nos Céus. Mas, como nos desapegar das coisas, das pessoas e de tudo que nos faz tomar gosto pelo poder e pelas riquezas deste mundo? Como nos desapegar de tudo que nos afasta dos bens celestes?
Neste ponto de nossa reflexão, poderíamos nos aventurar e trilhar caminhos desconhecidos, mas preferimos permanecer no caminho que já foi trilhado por muitos santos e santas antes de nós. Preferimos trilhar o caminho indicado por muitos Padres da Igreja, por muitos doutores, pela Tradição e pelo Magistério da Igreja. Preferimos trilhar o caminho da humildade e da simplicidade que trilhou a Virgem Maria. Pois, a Mãe de Deus é o ícone da fidelidade a seu Filho Jesus Cristo.
Assista vídeo do Padre Paulo Ricardo sobre “A Mãe do Salvador e a Nossa Vida Interior“:
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Nossa Senhora permaneceu fiel até o fim de sua vida. Ela foi até o Calvário, onde a espada da dor transpassou seu coração Imaculado5, enquanto a maioria dos discípulos havia abandonado Jesus. Aprendamos na escola de Maria como sermos desapegados, pequenos neste mundo para alcançar maior realização e glória no Reino dos Céus. Busquemos ser grandes no amor não por ambição, orgulho, ou vaidade, mas como consequência do despojamento, da pobreza espiritual, da nossa entrega total a Jesus Cristo pelas mãos de sua Mãe Santíssima6. Pois, quanto mais amamos Deus e ao próximo neste mundo, colocando-nos ao Seu serviço, mais cheios de Deus seremos na eternidade.
Assim, como bons consagrados e escravos de amor da Virgem Maria, desapegados do poder e das riquezas deste mundo, não podemos ficar parados, mas é preciso que, apoiados na sua proteção, “empreendamos e realizemos grandes coisas para esta augusta Soberana”7. Precisamos defender os privilégios de Nossa Senhora, especialmente quando querem tomá-los para si, e sustentar a sua grandeza e a sua glória, quando a atacam. São Luís Maria Grignion de Montfort diz que devemos “atrair todo o mundo, se for possível, ao seu serviço, e a esta verdadeira e sólida devoção. É preciso falar e clamar contra os que abusam da sua devoção para ultrajar seu Filho, e, ao mesmo tempo, estabelecer esta verdadeira devoção. É preciso pretender apenas, como recompensa destes pequenos serviços, a honra de pertencer a tão amável Princesa, a felicidade de sermos por Ela unidos a Jesus, seu Filho, com um laço indissolúvel, no tempo e na eternidade”8. Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, rogai por nós!
Referências:
1 Cf. Mt 18, 1.
2 Mt 18, 3.
3 Cf. Mt 18, 4.
4 Cf. Lc 23, 43.
5 Cf. Lc 2, 35.
6 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria. Anápolis: Fraternidade Arca de Maria, 2002, 121.
7 Idem, 265.
8 Idem, ibidem.