Saiba qual é o significado de estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração da Virgem Maria.
“Jesus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”, disse a Santíssima Virgem Maria aos três pastorinhos, Lúcia dos Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto, depois de lhes mostrar o Inferno. Esta revelação surpreendente aconteceu na terceira aparição da Senhora do Rosário em Fátima, Portugal, no dia 13 de Julho de 1917.
Irmã Lúcia nos explica o significado dessa afirmação da Santíssima Virgem, que expressa a vontade de seu Filho Jesus Cristo para a humanidade:
Estabelecer no mundo a devoção ao Coração Imaculado de Maria significa levar as pessoas a uma plena consagração de conversão, doação, íntima estima, veneração e amor. É, pois, neste espírito de consagração e conversão que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Coração Imaculado de Maria[1].
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A devoção ao Imaculado Coração de Maria como caminho e refúgio para Deus
Todos sabemos o que representa, numa família, o coração da mãe: o amor! Na verdade, é o amor que leva a mãe a desvelar-se junto do berço do filho, a sacrificar-se, a dar-se, a correr em defesa do filho. Todos os filhos confiam no coração da mãe, e todos sabem que tem nele um lugar de íntima predileção. O mesmo se passa com a Virgem Maria. Assim diz a Mensagem: “o meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”. O Coração de Maria é, portanto, para todos os seus filhos, o refúgio e o caminho para Deus.
Este refúgio e este caminho foram anunciados por Deus a toda a humanidade, logo a seguir à sua primeira queda. Ao Demônio, que tentara os primeiros seres humanos e os levara a desobedecer à ordem divina recebida, o Senhor disse: “Farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça, ao tentares mordê-la no calcanhar” (Gn 3, 15). A nova geração que nasce desta mulher, anunciada por Deus, há de triunfar na luta contra a geração de Satanás, até lhe esmagar a cabeça. Maria é a Mãe desta nova geração, como se fora uma nova árvore da vida, plantada por Deus no jardim do mundo, para que todos os filhos se possam alimentar dos seus frutos.
Do coração da mãe, recebem os filhos a vida natural, o primeiro alento, o sangue germinador, o palpitar do coração, como se a mãe fosse a corda de um relógio que move dois pêndulos. Olhando a dependência do filhinho nestes primeiros tempos da sua gestação no seio materno, quase poderíamos dizer que o coração da mãe é o coração do filho. E o mesmo podemos dizer de Maria, quando trouxe no seu seio o Filho do Pai Eterno. E assim o Coração de Maria é, de algum modo, o coração desta outra geração cujo primeiro fruto é Cristo, o Verbo de Deus.
E é deste fruto que toda a geração desse Coração Imaculado se há e alimentar, como disse Jesus: “Eu sou o Pão da Vida. Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue fica em Mim e Eu nele. Assim como […] Eu vivo pelo Pai, assim também o que Me come viverá por Mim” (Jo 6, 48.56-57). E este viver por Cristo é também viver por Maria, porque o Seu Corpo e o Seu Sangue tinha-os Jesus tomado de Maria.
Foi neste Coração que o Pai encerrou o seu Filho, como se fosse o primeiro sacrário. Maria foi a primeira custódia que O guardou, e foi o sangue do seu Coração Imaculado que ministrou ao Filho de Deus a sua vida e ser humanado, sendo d’Ele que todos nós recebemos “graça sobre graça” (Jo 1, 16).
Esta é a geração desta mulher admirável: Cristo em si e no Seu Corpo Místico. E Maria é a Mãe desta descendência destinada por Deus a esmagar a cabeça da serpente infernal.
Vemos assim como a devoção ao Coração Imaculado de Maria se há de estabelecer no mundo por uma verdadeira consagração de conversão e doação. Como, pela consagração, o pão e o vinho se convertem no Corpo e no Sangue de Cristo, hauridos com o ser vital no Coração de Maria.
É desta forma que este Coração Imaculado há de ser para nós o refúgio e o caminho que leva a Deus.
A devoção ao Imaculado Coração de Maria e a obra da Redenção
Formamos assim o cortejo da nova geração criada por Deus, haurindo a vida sobrenatural na mesma fonte germinadora, no Coração de Maria, que é a Mãe de Cristo e do Seu Corpo Místico. Deste modo somos verdadeiramente irmãos de Cristo, como Ele mesmo disse: “Minha mãe e Meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8, 21).
Esta palavra de Deus é o laço que une todos os filhos no Coração da Mãe; aqui se escuta o eco da palavra do Pai, porque Deus encerrou no Coração de Maria a Sua Palavra, o Seu Verbo eterno; e é desta Palavra que nos vem a vida: “Se alguém tem sede, venha a Mim e beba. Do seio daquele que acredita em Mim, correrão rios de água viva”, como diz a Escritura (Jo 7, 37-38). Com efeito, lê-se no livro de Isaías: “Derramarei água sobre a terra sequiosa, e rios sobre o solo seco; derramarei o Meu espírito sobre a tua posteridade, a Minha bênção sobre os teus descendentes” (Is 44, 3).
Esta terra regada e abençoada é Coração Imaculado de Maria, e Deus quer que a nossa devoção aí lance raízes, porque foi para isso mesmo que Deus nele depositou tanto amor como em coração de Mãe universal, que consagra e converte a sua geração no Corpo e no Sangue de Cristo, seu Primogênito, Filho de Deus, o Verbo do Pai: “N’Ele estava a vida e a Vida era a luz dos homens. […] E o Verbo fez-se homem e habitou entre nós, e nós vimos a Sua glória, glória que Lhe vem do Pai, como Filho único, cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 4.14).
Deus iniciou, no Coração de Maria, a obra da nossa Redenção, dado que foi, no seu fiat, que esta teve princípio: “Maria disse então: ‘Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’” (Lc 1, 38). E o “Verbo fez-se homem e habitou entre nós” (Jo 1, 14). E assim, na estreita união que pode existir entre dois seres humanos, Cristo começou com Maria a obra da nossa salvação. As palpitações do Coração de Cristo são as palpitações do Coração de Maria, a oração de Cristo é a oração de Maria, as alegrias de Cristo são as alegrias de Maria; de Maria recebeu Cristo o Corpo e o Sangue, que hão de ser respectivamente imolado e derramado pela salvação do mundo. Por isso, Maria, feita uma com Cristo, é a corredentora do gênero humano: com Cristo no seu seio, com Jesus Cristo nos seus braços, com Cristo em Nazaré, na vida pública; com Jesus Cristo subiu ao Calvário, sofreu e agonizou, recolhendo em seu Coração Imaculado as últimas dores de Cristo, as Suas últimas palavras, as últimas agonias e as últimas gotas do Seu sangue, para as oferecer ao Pai.
E Maria ficou na terra para ajudar os seus outros filhos a completar a obra redentora do seu Cristo, conservando-a no seu Coração como em manancial de graça – Ave gratia plena – para nos comunicar os frutos da vida, paixão e morte de Jesus Cristo, seu Filho[2].
A devoção ao Imaculado Coração de Maria e a nossa santificação
Maria Santíssima revela, em Fátima, o seu Imaculado Coração como morada puríssima do amor zeloso de Deus, que com fogo que consome quer nos atrair a si, para o sacrifício espiritual de adoração.
O Coração Imaculado de Maria nos recorda os Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja e nos convida à conversão. Se cumprirmos essas nossas obrigações, realizaremos em nós o mistério da Igreja e, dessa forma, acontecerá a reparação e a santificação, pela salvação dos homens, que serão apresentadas ao Imaculado Coração de Maria.
Assim, o Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria nos chama a santificar o nome de nosso Senhor Jesus Cristo e a banir toda a blasfêmia e a idolatria de nossas vidas. Pois, o Filho de Deus amou a Igreja e se entregou por ela, no sacrifício sangrento do Calvário, para santificar, purificar, reparar. Ele quis apresentá-la esplêndida, como Igreja sem mancha nem ruga, nem coisa alguma semelhante, mas santa a imaculada (cf. Ef 5, 27).
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A devoção aos Corações de Jesus e de Maria.
TODO DE MARIA. A devoção dos cinco primeiros sábados.
TODO DE MARIA. O desagravo ao Imaculado Coração de Maria.
Referências: