Existe uma oposição entre os bens deste mundo e os bens eternos, entre o reino deste mundo e o Reino dos Céus.
Jesus nasceu pobre e viveu toda a sua vida na pobreza e na simplicidade, por isso, sabia muito bem que a ganância era um risco para os homens: “Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12, 15). A preocupação dos homens passa a ser o lucro, o aumento de suas riquezas e não mais o Senhor, que lhes deu tudo que possuem. Tal cuidado excessivo com os bens terrenos, faz com que estes não se preocupem com os bens celestes, com a salvação. Dessa forma, as riquezas deste mundo tomam o lugar Daquele a quem pertence toda a riqueza deste mundo.
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Trocando os bens transitórios, passageiros, deste mundo pelos bens eternos, passamos a viver num mundo irreal, num mundo imaginário, como o daquele agricultor insensato, que pensava fazer um bom negócio destruindo seus celeiros e construindo maiores, com a intenção de acumular seus bens (cf. Lc 12, 18). Porém, mas sabia ele que sua vida neste mundo estava por acabar (cf. Lc 12, 20).
Conosco acontece o mesmo, pois não sabemos o dia nem a hora da nossa partida deste mundo. Ainda que façamos tudo para prolongar a nossa vida e busquemos segurança para os bens deste mundo, não somos capazes de prever o futuro. Muito pelo contrário, não temos controle total nem mesmo sobre a nossa existência presente. Hoje estamos vivos, mas amanhã podemos não estar mais. Hoje podemos ter muitos bens, mas amanhã podemos perder tudo que temos.
Neste mundo, não temos nenhuma segurança, pois as coisas desse mundo são transitórias, elas passam, como também passam as nossas vidas. Porque então nos preocupar com tantas coisas? Hoje, somos chamados a nos confiar inteiramente a Deus, as nossas vidas, os nossos bens, a nossa família, os nossos amigos. Pois, somente Ele é capaz de nos dar o verdadeiro bem, que é a graça. Sem Deus, tudo que possamos ter neste mundo não é nada, é passageiro, é uma ilusão que se desfaz diante dos nossos olhos.
Nós somos convidados a abraçar a nossa realidade de pessoas limitadas, que possuem bens, que por mais valiosos que sejam, são passageiros. Nossa vida neste mundo é passageira, da mesma forma como a vida daqueles que queremos bem. Só Deus não passa, só Ele não muda, por isso, devemos nos confiar inteiramente a Seus cuidados. Confiemo-nos a Jesus Cristo, pelas mãos da Virgem Maria, pois ela é a dispensadora dos bens celestes. Ela nos quer confiar o verdadeiro bem, Jesus Cristo, Filho de Deus e o Reino dos Céus.
Nossa Senhora não é somente Mãe de Jesus Cristo, mas é também Mãe de todos os cristãos. “Pela sua plena adesão à vontade do Pai, à obra redentora do Filho e a todas as moções do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade” (Catecismo da Igreja Católica, 967). Maria é modelo, mas seu papel em relação à Igreja e à toda a humanidade vai ainda mais longe. A Virgem Maria “cooperou de modo inteiramente singular, com a sua fé, a sua esperança e a sua ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É, por essa razão, nossa Mãe, na ordem da graça”(Constituição dogmática Lumen Gentium, 61). Sendo Maria nossa Mãe na ordem da graça, nos confiemos inteiramente a ela para que nos desapeguemos dos bens deste mundo e alcancemos a salvação e os bens celestes.