Por que não podemos julgar?

A todo momento, em muitas situações, podemos nos colocar como juízes e julgar as pessoas, atraindo sobre nós o julgamento de Deus.

Saiba porque não podemos julgarEm muitas situações corremos o risco de nos deixar levar pela nossa opinião e podemos julgar e condenar as pessoas, sem nos dar conta que fazemos um mal aos outros e a nós mesmos. Isso acontece na passagem da mulher adúltera, na qual os fariseus e os mestres da Lei estavam colocando-se como juízes de uma mulher que foi pega cometendo adultério (cf. Jo 8, 3). Ao mesmo tempo que julgavam a pecadora, eles procuravam um meio de acusar Jesus Cristo de não obedecer a Lei de Moisés (cf. Jo 8, 5). Esses homens, pecadores como todos nós, estavam querendo colocar-se acima da Lei, julgando aquela mulher e também o próprio Cristo. Aqueles judeus, movidos pelo orgulho e pela inveja, estavam como que cegos e não viam que não estavam em condições de julgar a mulher adúltera e muito menos o verdadeiro Mestre. Como aqueles judeus, podemos também nos colocar como juízes de nossos irmãos e irmãs, esquecendo-nos que estamos cercados de pecados.

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Deus constituiu Jesus Cristo como Juiz dos vivos e dos mortos (cf. At 10, 42). Só a Jesus cabe julgar, pois somente Ele foi constituído por Deus como Juiz. Quando julgamos, nos colocamos no lugar do Senhor. Além de ser constituído pelo Pai para julgar, Jesus não tem pecado algum, por isso Ele tem autoridade para dizer aos mestres da Lei e aos fariseus, e também a cada um de nós: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8, 7b). Depois de ouvir estas palavras, os judeus foram saindo um a um, a partir dos mais velhos (cf. Jo 8, 8a), pois reconheceram que, diferentemente de Jesus, não estavam em condições de julgar ninguém, nem mesmo aquela mulher pega em flagrante adultério, que pela Lei de Moisés deveria ser apedrejada (cf. Jo 8, 5). Depois de “ouvir” a Palavra de Deus, somos chamados a fazer um exame de consciência.

Não estamos também nós nos colocando como juízes de nossos irmãos? Não estaremos condenando pessoas que nos fizeram o mal, nos prejudicaram, falaram mal de nós, ou que simplesmente não gostamos? Talvez não queiramos prejudicar essas pessoas, ao contrário dos mestres da Lei e os fariseus, que queriam usar da situação para acusar Jesus, mas as estamos matando em nosso coração. Não deixemos que o mal que nos fizeram encha o nosso coração de ódio, mágoa, ressentimento. Mas, ao contrário, tentemos perdoar estas pessoas e queiramos bem a elas. Como aqueles judeus, não estamos em condições de julgar ninguém, pois como eles somos pecadores. Por isso, o próprio Senhor Jesus nos diz: “Não julgueis, e não sereis julgados” (Mt 7, 1). Se julgamos nossos irmãos, estamos atraindo sobre nós mesmos a condenação. Ao contrário, se não julgamos nossos irmãos, o Senhor promete-nos o perdão: “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados” (Lc 6, 37).

Com o coração arrependido, nos coloquemos diante de Jesus para pedir perdão por nossas faltas e a graça de perdoar os nossos inimigos, aqueles que fizeram mal a nós, ou ainda aqueles que poderiam ter feito o bem a nós e não fizeram. Se pedimos perdão pelos nossos pecados, o Senhor, que é rico em misericórdia, certamente nos perdoará, como perdoou a mulher adúltera: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8, 11). Nos arrependamos, confessemos nossos pecados, acolhamos o perdão de Jesus Cristo e façamos o firme propósito de não voltar a pecar. Não deixemos que a graça de Deus passe, como deixaram aqueles homens que, ao invés de acolher Jesus como seu Senhor, queriam encontrar um motivo para acusar o Mestre (cf. Jo 8, 4).

Assim, cada vez que formos tentados a julgar e a condenar os outros, ainda que tenham cometido injustiças contra nós, nos lembremos que Jesus é o único Juiz constituído por Deus para julgar os vivos e os mortos (cf. At 10, 42). Recordemos também que somos frágeis e pecadores. Não devemos julgar ninguém, pois a medida que usamos para os outros, servirá também para nós (cf. Lc 6, 38), ou seja, seremos julgados da mesma forma que julgamos os outros. Conscientes da nossa condição de pecadores, nos coloquemos diante de Jesus Misericordioso e da Virgem Maria, Mãe da Misericórdia, pedindo a graça do perdão de nossos pecados. Peçamos também ao Senhor Jesus e a Nossa Senhora a graça da perseverança na fé, para alcançarmos o perdão no dia do julgamento final (cf. Sl 98, 9-10), a justificação definitiva, e o Reino dos Céus.

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