São Joaquim e Santa Ana e as promessas de Deus

Na memória de São Joaquim e Santa Ana, meditemos sobre a importância desses santos no mistério da Salvação, na vida de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de cada um de nós.

Esta Celebração Eucarística (na memória de São Joaquim e Santa Ana) oferece-nos a ocasião para experimentar a bem-aventurança daqueles que ouvem a Palavra de Deus; que entram numa relação viva com o seu desígnio de salvação, através da comunhão com o Corpo, o Sangue e a Alma de Cristo, nosso Salvador.

Na memória de São Joaquim e Santa Ana, meditemos sobre a importância desses santos no mistério da Salvação, na vida de Jesus Cristo, da Virgem Maria e de cada um de nós.

The Holy Family, by Joseph Paelinck.

“Quanto a vós, ditosos os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em verdade vos digo: muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram, e ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram!” (Mt 13, 16-17). Jesus faz com que os seus discípulos sintam a grandeza do dom recebido. Ele não lhes fala em parábolas do Reino de Deus. As parábolas velavam uma doutrina que a interpretação de muitos corria o risco de deturpar em sentidos nacionalista e material; a eles, que dóceis e humildes, Jesus comunicava a interpretação exata das parábolas: a felicidade e a libertação são para todos, acima de tudo para os marginalizados, os oprimidos, os frágeis, as mulheres, os excluídos, os pequeninos, os estrangeiros e os pobres; a origem desta libertação terrena e eterna é Deus, que Ele anuncia como Pai e Filho e Espírito Santo.

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São Joaquim e Santa Ana e a promessa da consolação de Israel

O Deus trinitário não é um mistério incompreensível, do qual é melhor não falar. O seu mistério é mistério do Amor, em que todos nós somos inseridos. Mas para o compreendermos é necessário que nos tornemos amigos de Jesus como o Santo Padre nos exorta constantemente a fazer seus íntimos, seus discípulos, é preciso que O sigamos na sua missão.

O motivo que nos congrega em redor do altar desta igreja paroquial do Vaticano, dedicada a Santa Ana, é a festa patronal. Ana e Joaquim, esposos judeus exemplares, viveram uma época crucial da história da Igreja da salvação, no momento em que estava para ser cumprida a promessa de Deus a Abraão, e a humanidade estava prestes a receber a resposta esperada pelos justos do Antigo Testamento, que aguardavam a consolação de Israel.

Ouvimos as palavras do Salmo 131, sobre a fidelidade de Deus à sua promessa: “O Senhor jurou a David: verdade da qual nunca se afastará ‘o fruto do teu ventre hei de colocar sobre o teu trono!’ […] Realmente, o Senhor escolheu Sião, desejou-a para sua morada: ‘Este será para sempre o lugar do meu repouso, aqui habitarei, porque o escolhi’” (vv. 11.13).

Sem dúvida, Ana e Joaquim pertenciam ao grupo daqueles judeus piedosos que esperavam a consolação de Israel, e precisamente a eles foi dada uma tarefa especial na história da salvação: foram escolhidos por Deus, para gerar a Imaculada que, por sua vez, é chamada a gerar o Filho de Deus.

Santa Ana e São Joaquim na vida da Virgem Maria

Conhecemos os nomes dos pais da Bem-Aventurada Virgem através de um texto não canônico, o Protoevangelho de Tiago. Eles são citados na página que precede o anúncio do Anjo a Maria. Esta sua filha não podia deixar de irradiar aquela graça totalmente especial da sua pureza, a plenitude da graça que a preparava para o desígnio da maternidade divina.

Podemos imaginar quanto receberam dela estes pais, ao mesmo tempo que cumpriam o seu dever de educadores. O quadro que predomina sobre o altar desta igreja faz-nos intuir algo daquele que pode ter sido o relacionamento entre Santa Ana e Maria, também no que se refere à Palavra de Deus revelada. Mãe e filha estavam unidas não apenas por laços familiares, mas também pela comum expectativa do cumprimento das promessas, pela recitação multiforme dos Salmos e pela evocação de uma vida entregue a Deus.

Teremos nós os olhos e os ouvidos abertos para reconhecer um mistério tão excelso? Peçamos a Santa Ana e a São Joaquim não só para ver e ouvir a mensagem de Deus, mas inclusive para participar com amor pelas pessoas com as quais nos encontrarmos, no seu amor, em particular transmitindo luz e esperança a todas as nossas famílias. Confiemos de maneira especial a Santa Ana as mães, sobretudo as que são impedidas na defesa da vida nascente ou que encontram dificuldades para criar e educar os seus filhos.

Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo na “Memória de São Joaquim e Sant’Ana, pais da Virgem Maria”:

São Joaquim e Sant’Ana: modelos de santidade vivida em idade avançada

Quando visitou pela primeira vez esta sua Paróquia de Santa Ana (10 de Dezembro de 1978), o Papa João Paulo II falou por assim dizer da casa paterna de Maria, Mãe de Cristo; desta casa em que, circundada pelo amor e pela solicitude dos seus pais, Maria “aprendia” de sua mãe como ser Ela mesma mãe: “Mas quando, como ‘herdeiros da promessa’ (cf. Gl 4, 28.31) divina, nos encontramos no contexto desta maternidade, afirmou o Servo de Deus João Paulo II, e quando voltamos a sentir a sua santa profundidade e plenitude, então pensamos que foi precisamente Santa Ana a primeira que ensinou Maria, sua filha, a ser mãe”.

Existe mais um aspecto, que gostaria de ressaltar: Santa Ana e São Joaquim podem ser tomados como modelo também pela sua santidade vivida em idade avançada. Em conformidade com uma antiga tradição, eles já eram idosos quando lhes foi confiada a tarefa de dar ao mundo, conservar e educar a Santa Mãe de Deus.

Na Sagrada Escritura, a velhice é circundada de veneração (cf. 2 Mac 6, 23). O justo não pede para ser privado da velhice e do seu peso; ao contrário, ele reza assim: “Vós sois a minha esperança, a minha confiança, Senhor, desde a minha juventude… Agora, na velhice e na decrepitude, não me abandoneis, ó Deus, para que eu narre às gerações a força do vosso braço, o vosso poder a todos os que hão de vir” (Sl 71 [70], 5-18).

Com a sua própria presença, a pessoa idosa recorda a todos, e de maneira especial aos jovens, que a vida na terra é uma “curva”, com um início e com um fim: para experimentar a sua plenitude, ela exige a referência a valores não efêmeros nem superficiais, mas sólidos e profundos.

Infelizmente, um elevado número de jovens do nosso tempo estão orientados para uma concepção da vida em que os valores éticos se tornam cada vez mais superficiais, dominados como são por um hedonismo imperante. O que mais preocupa é o fato de que as famílias se desagregam na medida em que os esposos atingem a idade madura, quando teriam maior necessidade de amor, de assistência e de compreensão recíproca.

O dever dos avós de manifestar a fé e a moral católicas

Os idosos que receberam uma educação moral sadia deveriam demonstrar, mediante a sua vida e o próprio comportamento no trabalho, a beleza de uma sólida vida moral. Deveriam manifestar aos jovens a profunda força da fé, que nos foi transmitida pelos nossos mártires, e a beleza da fidelidade às leis divinas da moral conjugal.

Há tempos, dirigiu-se-me um grupo de católicos japoneses, desejosos de constituir uma Pia Associação, inspirada em Joaquim e Ana, que reúne casais da chamada “terceira idade”, dedicadas precisamente à promoção dos ideais de vida que acabei de expor.

Para terminar, desejo propor a todos vós aqui presentes, a oração que eles recitam diariamente:

Ó São Joaquim e Santa Ana
protegei as nossas famílias
desde o início promissor
até a idade madura
repleta dos sofrimentos da vida
e amparai-as na fidelidade
às promessas solenes.

Acompanhai os idosos
que se aproximam
do encontro com Deus.

Suavizai a passagem
suplicando para aquela hora
a presença materna
da vossa Filha ditosa
a Virgem Maria
e do seu Filho divino, Jesus!

Amém.

Fonte: Homilia do Cardeal Tarcisio Bertone na Festa Litúrgica dos Santos Pais de Nossa Senhora, na Paróquia de Santa Ana no Vaticano, em 26 de Julho de 2007.

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