Os modos ou graus de pertença a Virgem Maria

Descubra quais são os modos, ou graus, de pertença a Virgem Maria e qual deles é o mais conveniente, proveitoso, vantajoso para o nosso caminho espiritual.

Há vários graus ou modos pelos quais pertencemos a Santíssima Virgem Maria. Podemos nos unir a ela de várias maneiras, conforme o nosso desejo de nos aproximar dela e de seu Filho Jesus Cristo. Neste artigo, convidamos nossos leitores a conhecer cada um desses graus de pertença. Ao final, apresentamos uma série de seis artigos sobre cada um dos modos de pertencer a Mãe de Deus. Neles, conheceremos os meios práticos de nos unir a Nossa Senhora, para alcançar o fim último de nossa devoção, que é unir-nos a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Descubra quais são os modos, ou graus, de pertença a Virgem Maria e qual deles é o mais conveniente, proveitoso, vantajoso para o nosso caminho espiritual.

Santa Teresinha, o Menino Jesus, a Virgem Maria e São José

Os modos de pertença dizem respeito às várias formas de relacionamento que podemos ter com Nossa Senhora. No entanto, esta pertença não se resume simplesmente nessas formas de união com ela. Esses graus de pertença são como que vários estados, modos de ser, que dizem respeito ao mais íntimo de nossas almas. Casa uma dessas maneiras de ser da Virgem Maria, de pertencer a ela por um vínculo espiritual, tem sua riqueza própria. Vamos conhecer cada um desses modos de pertença a Mãe de Deus e, quem sabe, nos aprofundar ainda mais no conhecimento e no vínculo espiritual com Jesus, pelas mãos virginais de Maria.

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Servos e filhos da Santíssima Virgem

Todos nós, de alguma forma, pertencemos a Nossa Senhora. Por natureza, todos nós somos necessariamente servos de Maria Santíssima. São Bernardino de Sena exprime essa realidade, comparando-a com a nossa pertença ao Senhor: “Quantas são as criaturas que servem a Deus, tantos são que devem servir a Maria. E estando os anjos, os homens, e todas as coisas que há no céu e na terra sujeitos ao império de Deus, submetidos devem estar, também, ao domínio desta celeste Rainha”[1].

Pelo sacramento do Batismo, que nos faz filhos de Deus e herdeiros do Seu Reino, estreitam-se os vínculos de nossa união com a Mãe de Deus. Pelo Batismo, não somente nos tornamos filhos de Deus, mas também somos feitos filhos da Virgem Maria, mediante a nossa elevação a uma ordem superior. Somos incorporados a Cristo e a Igreja, e também a Santíssima Virgem, membro “eminente e inteiramente singular da Igreja”[2]. Dessa forma, como homens, somos servos de Maria Santíssima e, enquanto cristãos, somos seus filhos.

Os títulos de dependência da Santíssima Virgem

Os títulos de servo e de filho de Nossa Senhora são gerais e convêm a todos. Entretanto, podemos ir além do vínculo que temos por natureza e por graça com a Mãe da Igreja. Podemos subir ainda mais alto, pela doação de nós mesmos à augusta Rainha dos Céus. A exemplo dos santos, a estes vínculos comuns a todos os católicos, a estes laços de afetivos, podemos juntar outros, mais particulares, mais íntimos, e inspirados por um amor intenso.

Somos servos de Maria por natureza e seus filhos pela graça do Batismo. Mas, podemos também proclamar-nos escravos de Nossa Senhora, por amor. Além disso, impulsionados pelo ardor de tornar a Virgem Maria mais conhecida e amada, podemos fazer-nos seus apóstolos. Podemos ainda, almejar participar plenamente de sua vida de imolação, de sacrifício, ofertando-nos a ela como vítimas. Há ainda um último título, mais sagrado ainda que os outros, que parece reunir todos numa intimidade de vida e de ação. Título este que ultrapassa todas as nossas humanas e limitadas concepções: é o de esposo espiritual da Virgem Imaculada. “Este grau não convém a todas as categorias de pessoas, conquanto todos a ele possam aspirar. Somente as almas superiores que se sentirem apaixonadas por Maria Santíssima poderão tomá-lo sob o impulso da graça e consentimento de um competente diretor espiritual”[3].

Descubra quais são os modos, ou graus, de pertença a Virgem Maria e qual deles é o mais conveniente, proveitoso, vantajoso para o nosso caminho espiritual.

São Luís Maria Grignion de Montfort

A fórmula para ultrapassar os vínculos da natureza e da graça

Como vimos, além dos vínculos que temos com a Santíssima Virgem por natureza e em virtude do Batismo, podemos consagrar-nos e ela por amor, de quatro formas diferentes, tornando-nos:

  1. Escravos de Maria;
  2. Apóstolos de Maria;
  3. Vítimas de Maria;
  4. Esposos espirituais de Maria.

Estes três últimos modos de dependência têm como princípio e base fundamental a Santa Escravidão a Nossa Senhora. Esta é a verdadeira devoção a Mãe de Deus, ensinada por São Luís Maria Grignion de Montfort. Depois de uma vida totalmente dedicada a Virgem Maria e de escrever diversas obras sobre ela, deixou-nos o livro, que é um verdadeiro tesouro de espiritualidade mariana, intitulado: “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”.

Em plena sintonia com o Magistério da Igreja, São Luís Maria nos ensina que o fim último de toda verdadeira devoção é Jesus Cristo. O caminho para alcançar este fim é também o Filho de Deus, que é, para todos nós, “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6). O Senhor vive em nós pela graça e, vivendo em nós, deve também crescer em nós. Isto acontece pelo aumento da graça, que torna mais íntima a nossa união com Jesus. Para alcançar a perfeição, que consiste em estarmos unidos mais intimamente a Jesus Cristo e em fazê-Lo crescer em nossa alma, o meio é Nossa Senhora. Pois, ela foi encarregada por Deus para distribuir a graça, a quem ela quiser e quando ela quiser. Seu Filho Jesus Cristo é a causa imediata e eficiente da graça. Sua Mãe, Maria Santíssima, é a sua causa mediata e moral. A Mãe de Deus não é a fonte da graça. Todavia, ela também não é um simples canal da graça. Pois, ela é a distribuidora, a tesoureira, a medianeira das graças divinas. A graça não passa simplesmente pelas mãos da Virgem Maria, como o dinheiro pelas mãos de um ecônomo. Mas, a graça torna-se propriedade da alma virginal de Nossa Senhora e é, por seu intermédio, concedida às nossas almas.

A graça nos une a Jesus Cristo e também Virgem Maria e, por ela, nos unimos a Deus. Dessa forma, a Mãe de Deus é o grande meio de união a Jesus Cristo. Esta ideia fundamental, expressa na fórmula em latim “Ad Iesum per Mariam”, que significa “A Jesus por Maria”, resume perfeitamente a doutrina de Montfort. Quanto maior for a nossa união com a Virgem Maria, mais íntima será também a nossa união com Jesus Cristo. Sendo assim, é necessário conhecer os meios práticos de nos unir a Nossa Senhora, para alcançar, assim, a união Nosso Senhor. Descobriremos estes meios através dos seis graus, ou modos, de pertença a Mãe de Deus:

Enquanto homens, somos todos servos de Maria Santíssima.

Pelo sacramento do Batismo, somos todos filhos de Deus e da Mãe de Deus.

Pela nossa entrega total a Nossa Senhora, tornamo-nos seus escravos.

Pelo zelo na propagação de sua devoção, tornamo-nos apóstolos da Santíssima Virgem.

Pela aceitação generosa dos sofrimentos, podemos ser vítimas da Virgem Maria.

Por uma graça especial, podemos ser esposos espirituais da Rainha dos Céus.

Nestes títulos, resumem-se todos os graus, ou modos, de nossa união amorosa com a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo.

Natalino Ueda, escravo inútil de Jesus por Maria.

Conheçamos os meios práticos de nos unir a Nossa Senhora através da série de artigos sobre “Os modos de pertença a Virgem Maria”:

  1. O que significa ser servo de Nossa Senhora?
  2. O que significa ser filho de Nossa Senhora?
  3. O que significa ser escravo de Maria?
  4. O que significa sermos apóstolos de Maria?
  5. O que significa sermos vítimas de Maria?
  6. Os filhos prediletos da Virgem Maria.

Referências:


[2]      CONCÍCLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Genitum, 53.

[3]      PADRE JÚLIO MARIA LOMBAERDE. Op. cit., p. 42.

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