A obra que Deus realizou na Virgem Maria, no mistério do Verbo Encarnado, continua a se realizar no mistério da Igreja.
São Luís Maria Grignion de Montfort, no “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria”, ensina que a obra de Deus, “o procedimento que as três Pessoas da Santíssima Trindade tiveram na Encarnação e primeira vinda de Jesus Cristo, têm-no ainda todos os dias, duma maneira invisível, na Santa Igreja, e tê-lo-ão até a consumação dos séculos, na última vinda de Jesus Cristo” (TVD 22). No mistério da Encarnação, Deus Pai enviou o Espírito Santo a Santíssima Virgem Maria e nela gerou seu único Filho, Jesus Cristo. Por vontade do Pai, na Igreja o Espírito continua a gerar Cristo na alma dos fiéis até a segunda e definitiva vinda de Cristo. “Como na geração natural e corporal há um pai e uma mãe, assim também na geração sobrenatural e espiritual há um pai, que é Deus, e uma mãe, que é Maria” (TVD 30).
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Segundo São Luís Maria, “Deus Pai juntou todas as águas e chamou-as mar; juntou as suas graças e chamou-as Maria” (TVD 23). Deus Altíssimo tem um tesouro inestimável, um celeiro riquíssimo, onde guardou tudo o que tem de belo, resplandecente, raro e precioso, inclusive o Seu próprio Filho Jesus Cristo. Este tesouro imenso e valiosíssimo não é outro senão a Virgem Maria, a quem os santos chamam de “Tesouro do Senhor”, e de cuja grandeza e plenitude os fiéis são enriquecidos.
Por sua vez, Deus Filho comunicou à sua Mãe, a Virgem de Nazaré, tudo o que Ele adquiriu pela sua vida e morte, os Seus méritos infinitos e as Suas admiráveis virtudes. Jesus Cristo, o Filho de Deus, fez de Nossa Senhora a tesoureira de tudo o que o Pai lhe deu como herança. Por isso, por meio de Maria Santíssima, Jesus aplica os Seus infinitos méritos aos membros do Seu Corpo, que é a Igreja. Por Maria, Jesus comunica as Suas virtudes e distribui as Suas graças a cada um de nós cristãos. A Virgem Maria é o canal misterioso de Jesus Cristo, o Seu aqueduto, por onde faz passar, suave e abundantemente, as Suas misericórdias (cf. TVD 24).
São Luís explica que “Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, os Seus dons inefáveis, e escolheu-a para dispensadora de tudo quanto possui” (TVD 25). Por isso, Nossa Senhora distribui a quem quer, quanto quer, como e quando quer todos os Seus dons e graças. Nenhum dom celeste é concedido aos homens sem que passe pelas mãos virginais de Maria. “Tal é a vontade de Deus, que quis que tudo recebamos por Maria” (TVD 25). Desta forma, Nossa Senhora é enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo; ela que durante toda a sua vida se fez pobre, se humilhou e se escondeu até o mais profundo nada, em sua extrema humildade.
Assim, como na sua época, São Luís Maria não fala para os espíritos fortes da nossa época, mas às almas simples e expõe de modo simples a sua doutrina sobre a Santíssima Virgem, por meio da Sagrada Escritura, dos Santos Padres e por meio de muitas sólidas razões teológicas. Montfort fala particularmente “para os pobres e simples que, tendo maior boa vontade e mais fé que o comum dos sábios, creem mais simplesmente e com mais mérito” (TVD 26). Por isso, com um coração pobre, simples, humilde, acolhamos a obra que a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, quer realizar em nós através da nossa consagração total a Virgem Maria. Pela consagração a Nossa Senhora, Deus Pai quer gerar em nós o Filho, pela força do Espírito Santo. Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, rogai por nós!