A Sagrada Família, as famílias e o mundo atual

A Sagrada Família de Nazaré tem muito a dizer a nós, às famílias e ao mundo atual.

A Sagrada Família, Jesus, Maria e José, as famílias e o mundo atualA Solenidade da Sagrada Família, que acontece no domingo que se segue à celebração do Natal de Jesus Cristo, tem muito a dizer para nós, especialmente às famílias, no contexto histórico do mundo atual. Vivemos num tempo no qual a família tradicional parece estar ultrapassada. Surgem outras formas de relacionamento, que querem equiparar-se ao casamento entre homem e mulher. O matrimônio, instituição tão importante para a vida humana, pode ser desfeito cada vez mais facilmente. Os valores familiares, tão importantes para uma verdadeira e sólida formação humana e religiosa são desprezados. Ao contrário, hoje valoriza-se a cultura de morte: o uso de contraceptivos, como a camisinha e os anticoncepcionais; o aborto; a eutanásia; o sexo por puro prazer; estão na ordem do dia. A ideologia de gênero, segundo a qual a criança não nasce com um sexo definido, por isso tem direito de escolher depois, por si mesma, está cada vez mais presente na sociedade. Tudo isso, tão presente em nossos dias, rompe com a estrutura da sociedade. “A família constitui a ‘célula’ fundamental da sociedade” (Papa João Paulo II, Carta às Famílias, 13). Por isso, falar sobre a Sagrada Família e a missão das famílias no plano divino da salvação para a humanidade torna-se urgente.

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Celebrar a Sagrada Família de Nazaré em nossos dias significa valorizar a instituição que Deus escolheu, em sua divina sabedoria, para se revelar ao mundo. Deus escolheu a Sagrada Família para nela ser gerado e formado. O Verbo de Deus, Jesus Cristo, veio ao mundo, encarnando-se no ventre de Nossa Senhora (f. Lc 1, 31-32). O Senhor Jesus, o Verbo eterno de Deus, teve a humilde Virgem Maria por Mãe que, ao mesmo tempo, foi a sua primeira discípula. O Menino Deus teve São José como seu pai aqui na Terra, aquele que ampara, protege, defende, foi seu verdadeiro guardião. O fato de Deus vir ao mundo no seio de uma família é um grande sinal para nós. No plano divino da salvação, a família tem a missão de gerar e formar Cristo em cada um de seus membros, mas também de gerar e formar o Senhor na sociedade. Nesta missão, Maria e José são “os primeiros modelos daquele belo amor, que a Igreja não cessa de implorar para a juventude, para os cônjuges e para as famílias” (Papa João Paulo II, Carta às Famílias, 20).

Para gerar e formar Jesus, a família precisa ser aquilo que era nos primórdios do cristianismo: “Igreja Doméstica”. Os primeiros cristãos se reuniam nas casas (1 Cor 16, 19) e tinham tudo em comum (cf. At 2, 44). Estes ouviam a Palavra de Deus, o ensinamento dos Apóstolos, rezavam juntos e até mesmo celebravam a Eucaristia nas casas (cf. At 2, 42). Por isso, com razão, o Concílio Vaticano II chamou a família de “Igreja doméstica” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 11). Ser “Igreja Doméstica” faz parte da identidade da família cristã e significa voltar às nossas origens.

Ouça homilia do Padre Paulo Ricardo para a Solenidade da Sagrada Família: 

Nos dias difíceis que vivemos, entre os elementos presentes desde o princípio nas famílias cristãs, a oração torna-se hoje ainda mais importante e urgente. Pois, a oração faz com que Jesus Cristo, o Filho de Deus, habite em nosso meio: “Onde estiverem reunidos, em meu Nome, dois ou três, Eu estou no meio deles” (Mt 18, 20). Nesta oração em família, Jesus se faz presente, por isso, não fazemos nossos pedidos a um Deus distante, mas a um Deus que se faz presente no meio de nós! A presença de Cristo também torna possível o amor necessário para a unidade da família. Ele é necessário, pois “o amor é a verdadeira fonte da unidade e da força da família” (Papa João Paulo II, Carta às Famílias, 20).

Em tempos nos quais a cultura de morte tem cada vez mais espaço, a família tem uma importante missão que é a de salvaguardar a vida humana. Em primeiro lugar, a família deve lutar pela sua unidade, na qual a mais importante é a união do casal. Em tempos em que o casamento está cada vez mais desvalorizado, os casais cristãos devem lutar pelo compromisso definitivo que fizeram quando receberam o Sacramento do Matrimônio. A garantia do casamento firmado por um laço duradouro e feliz dará aos filhos a segurança necessária para uma autêntica formação humana e religiosa. Além disso, a família também é chamada a defender a vida e a dignidade humana, desde o primeiro momento da concepção até a morte natural, tornando-se na sociedade um verdadeiro “Santuário da Vida” (Papa João Paulo II, Carta às Famílias, 11).

Assim, a família cristã tem uma alta vocação em meio a uma sociedade cada vez mais marcada pelos valores contrários ao Evangelho, pela cultura de morte, pelas ideologias. As famílias são chamadas a gerar e formar Cristo em seus membros e na sociedade, através do amor com que entregam à sua missão. Em nossas famílias, devemos resgatar o valor da partilha e da oração, que são fundamentais para que permaneçamos unidos em Cristo. A família tem a missão de lutar pela sua própria união, para mostrar ao mundo que é possível fazer opções definitivas, e também deve salvaguardar a vida humana tornando-se “Santuário da Vida”. Peçamos à Sagrada Família, Jesus, Maria e José, que nos ajudem a sermos fiéis à missão que nos é confiada e que alcancemos um dia a união definitiva com Deus no Reino dos Céus.

Ouça homilia do Padre Paulo Ricardo para a Solenidade da Sagrada Família de 2012:

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