Ó Virgem Maria, minha bela esperança

Santo Afonso Maria de Ligório proclamou as glórias, as virtudes, a beleza da Virgem Maria, Mãe da esperança.

O grande Santo, Bispo e Doutor da Igreja, Afonso Maria de Ligório compôs a belíssima música “Ó minha bela esperança”, como homenagem singela a Santíssima Virgem Maria. Esta música diz muito do amor que este extraordinário homem de Deus nutria por Nossa Senhora. Este amor era tão grande que levou o Santo a ler praticamente tudo que havia de escrito sobre a Mãe de Deus na época, desde as Sagradas Escrituras, passando pelos Santos Padres, pelos grandes teólogos da Idade Média, até os autores mais recentes. Todos os sábados, Afonso pregava sobre Nossa Senhora, em quem depositava toda sua confiança. Por isso, durante mais ou menos quinze anos, estudou e escreveu aos poucos um livro, que tornou-se um grande clássico da espiritualidade mariana.

Santo Afonso Maria de Ligório proclamou as glórias, as virtudes, a beleza da Virgem Maria, Mãe da esperança.

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Afonso Maria de Ligório nasceu em Marianella, perto de Nápoles, na Itália, no dia 27 de Setembro de 1696. Filho primogênito de uma família bastante numerosa, o Santo pertencia à nobreza napolitana. “Recebeu uma esmerada educação em ciências humanas, línguas clássicas e modernas, pintura e música. O jovem Afonso recebeu a formação completa para ser um cidadão da classe nobre”[1]. Extremamente inteligente, concluiu a faculdade de direito com apenas 16 anos de idade e tornou-se um advogado bem-sucedido. Afonso vivia com autenticidade a sua fé, mas faltava-lhe a sua segunda conversão. Foi então que, na Semana Santa de 1722 faz uma experiência profunda com Deus e, depois de um sério processo de discernimento, contra a vontade de seu pai terreno, decide abandonar tudo para dedicar-se inteiramente às coisas do Pai celeste.

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A devoção a Nossa Senhora e o livro “Glórias de Maria”

Vários motivos levaram Padre Afonso a dedicar-se tanto ao estudo, ao ensinamento e ao amor a Nossa Senhora. Santo Afonso aprendeu a amar a Virgem Maria desde a sua infância. Além disso, ele sentia-se obrigado a fazer alguma coisa em gratidão a Mãe do Senhor, pois atribuía a ela a sua conversão. Ele também sentia falta de boas obras sobre a Santíssima Virgem, o que o motivou a dedicar-se a deixar para os pregadores da época uma obra bem documentada, que os ajudasse a instruir os fiéis na verdadeira doutrina mariana da Igreja. Não menos importante, o Santo sentia-se obrigado a combater a tantas correntes de pensamento que naquele tempo se opunham a devoção a Virgem Maria. Santo Afonso desejava escrever um livro de piedade mariana que fosse atraente, sedutor, mas que estivesse baseado em uma sólida mariologia.

Quando finalmente concluiu a sua obra, intitulada “Glórias de Maria”, Santo Afonso assim se dirigiu a Santíssima Virgem:

Agora posso dizer que morro contente, por deixar na terra este meu livro que continuará a louvar-vos e a pregar o vosso amor, como tenho sempre procurado fazer durante estes anos que têm seguido a minha conversão, que por meio de vós alcancei de Deus, ó Maria Imaculada. Eu vos encomendo a todos que vos amam, especialmente aqueles que lerem este meu livro, mais particularmente aqueles que tiverem a caridade de encomendar-me a vós…[2]

A música “Ó minha bela esperança”

Além do livro “Glórias de Maria”, esta obra de extraordinária beleza não somente do ponto de vista literário, Santo Afonso escreveu uma música especialmente dedicada a Virgem Maria, intitulada: “Ó minha bela esperança”. Apresentamos a música primeiramente em italiano e depois a tradução em português:

O bella mia speranza

O bella mia speranza

dolce amor mio Maria

tu sei la vita mia,

la pace mia sei tu.

Quando ti chiamo e penso

a te, Maria, mi sento

tal gaudio e tal contento

che  mi rapisce il cuor.

Se mai pensier funesto

viene a turbar la mente,

sen fugge allor che sente

il nome tuo chiamar.

In questo mar del mondo

tu sei l’amica stella,

che può la navicella

dell’alma mia salvar.

Sotto il tuo bel manto,

amata mia Signora,

vivere voglio ancora,

spero morir un dì.

Ó minha bela esperança

Ó minha bela esperança,

meu doce amor Maria,

tu és a minha vida,

tu és a minha paz.

Quando te chamo e penso em ti,

Maria, sinto tal felicidade e alegria,

que me rapta o coração.

Se por acaso um pensamento maligno

vier me perturbar a mente,

foge então daqui,

ao teu nome eu chamar.

Neste mar do mundo,

tu és a minha estrela amiga,

que podes o barquinho

da minha alma salvar.

Debaixo do teu belo manto,

minha amada Senhora,

quero ainda viver,

e espero um dia morrer.

Ouça a música de Santo Afonso Maria de Ligório intitulada “O bella mia speranza”:

A esperança em Deus e em Maria Santíssima

Na oração da “Salve Rainha”, com razão chamamos Nossa Senhora de esperança nossa. Pois, esperamos obter, pela sua intercessão, o que não alcançaríamos somente com nossas orações e méritos. Invocamos a Virgem Maria para que a dignidade dessa excelsa intercessora supra a nossa falta de méritos. Sendo assim, invocar a Mãe de Deus com tal esperança não é desconfiar da misericórdia do Senhor, mas temer pela nossa própria miséria e indignidade.

A tradição da Igreja tem motivos suficientes para aplicar a Santíssima Virgem estas palavras do livro do Eclesiástico: “Sou a mãe do puro amor, do temor [de Deus], da ciência e da santa esperança, em mim se acha toda a graça do caminho e da verdade, em mim toda a esperança da vida e da virtude” (Eclo 24, 24-25). Nossa Senhora é a Mãe da esperança, Mãe que faz nascer em nós, não a esperança vã dos bens transitórios desta vida, mas a santa esperança dos bens grandiosos e eternos da vida bem-aventurada no Reino dos Céus.

Santo Efrém costumava saudar a Mãe de Deus com palavras cheias de amor e confiança: “Salve, esperança de minha alma, […] salve, ó segura salvação dos cristãos, auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis, salvação do mundo”[3]. Estas saudações a Virgem Maria podem parecer exageradas e destoar dos ensinamentos de São Boaventura, que dizia: “depois de Deus, outra esperança não temos senão Maria e por isso a invoca ‘como única esperança nossa depois de Deus’”[4]. Todavia, este é também o pensamento de Santo Efrém, que no mesmo sentido medita sobre a Providência divina, segundo a qual o Senhor determinou que todos os que são salvos, o sejam por meio da Mãe de Deus. Sua confiança na Virgem Maria era tão grande, que assim a invocava: “Senhora, não deixeis de guardar-nos e de proteger-nos sob vosso manto, já que depois de Deus não temos outra esperança senão a vós”[5].

Oração de Santo Afonso Maria de Ligório a Mãe da esperança

Ó Mãe do santo amor, ó vida, refúgio e esperança nossa! Bem sabeis que vosso Filho Jesus Cristo, não contente de constituir-se nosso perpétuo advogado junto ao Eterno Pai, quis ainda que os empenhásseis junto a ele para impetrar as divinas misericórdias. Ele dispôs que as vossas orações concorressem para nossa salvação, e deu-lhes tanto poder, que alcançam quanto pedem. Eu miserável pecador, para vós me volto, ó esperança dos miseráveis. Espero, ó Senhora minha, que, pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela vossa intercessão, me hei de salvar. Assim o espero e confio tanto que, se a minha salvação eterna estivesse na minha mão, certamente eu a poria na vossa.

Pois mais confio em vossa misericórdia e proteção, que em todas as minhas obras. Mãe e esperança minha, não me desampareis como eu mereço; olhai para as minhas misérias e movei-vos à piedade, socorrei-me e salvai-me. Confesso que com meus pecados tenho muitas vezes posto obstáculo às luzes e aos socorros que me tendes alcançado do Senhor. Porém vossa piedade para com os miseráveis e vosso poder junto a Deus excedem o número e a malícia de todos os meus pecados. É patente ao céu e a terra que quem é de vós protegido certamente não se perde.

Esqueçam-me, pois, todas as criaturas, vós, porém, não me esqueçais, ó Mãe de Deus onipotente. Dizei a Deus que eu sou vosso servo; dizei-lhe que vós me protegeis, e serei salvo. Ó Maria, tenho confiança em vós; nesta esperança vivo e nela quero e espero morrer, dizendo sempre: Minha única esperança é Jesus e depois de Jesus, Maria[6].

Natalino Ueda, servo inútil de Jesus por Maria.

Links relacionados:

PADRE PAULO RICARDO. A Oração, de Santo Afonso de Ligório.

TODO DE MARIA. A fé, a esperança e a caridade de Maria.

TODO DE MARIA. Ó Virgem Maria, esperança nossa, salve!

Referências:

[1]   A12. Santo Afonso de Ligório.

[2]   SANTO AFONSO MARIUA DE LIGÓRIO. Glórias de Maria, p. 9-10.

[3]   Idem, p. 98.

[4]   Idem, ibidem.

[5]   Idem, p. 99.

[6]   Idem, p. 103-104.

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