Os sofrimentos e a luta contra o desânimo

Descubra como mudar de perspectiva quando o sofrimento bate à nossa porta e o desânimo não nos deixa progredir.

Neste início de ano, as incertezas políticas e econômicas podem nos tirar o sono, as decepções e os sofrimentos podem nos visitar, e tudo isso nos levar ao desânimo. Este, por sua vez, pode paralisar a nossa vida e prejudicar nossos relacionamentos sociais, familiares, matrimoniais, profissionais, afetivos, e consequentemente nossa vida espiritual, nosso relacionamento com Deus. No entanto, mesmo diante dos maiores sofrimentos, podemos superar o desânimo se tivermos uma visão sobrenatural das coisas, se procurarmos enxergar os acontecimentos com o olhar da fé. Nesse sentido, a Santíssima Virgem Maria é um modelo luminoso, que anos ajuda a olhar para os acontecimentos não somente com a luz da razão, que pode até obscurecer os fatos ao invés elucidar, mas também e principalmente com luz da fé, que ilumina até mesmo a mais densas trevas do pensamento humano. A partir deste olhar da fé a Virgem de Nazaré superou as dúvidas e incompreensões, colocou toda a sua esperança em Deus e consequentemente venceu o desânimo pela virtude da caridade.

Descubra como mudar de perspectiva quando o sofrimento bate à nossa porta e o desânimo não nos deixa progredir.

A Virgem Maria aos pés da cruz de Jesus Cristo (cf. Jo 19, 25).

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A Virgem Maria e o olhar da fé

Maria Santíssima nos ajuda a ter uma visão sobrenatural dos acontecimentos, a ver tudo com um olhar de fé. Pois, a Virgem de Nazaré não se apegava ao conhecimento que lhe vinha pelos sentidos ou pelo entendimento, mas procurava ver além. Com seu olhar sobrenatural, Nossa Senhora: “Via o Filho na manjedoura de Belém1 e cria-o Criador do mundo. Via-o fugir de Herodes2, sem entretanto deixar de crer que era ele o verdadeiro Rei dos reis. Pobre e necessitado de alimento o viu, mas reconheceu seu domínio sobre o universo. Viu-o reclinado no feno e confessou-o onipotente. Observou que ele não falava e venerou-lhe a infinita sabedoria. Ouviu-o chorar e o bendisse como as delícias do paraíso. Viu finalmente como morria vilipendiado na cruz3, e, embora outros vacilassem, conservou-se firme, crendo sempre que ele era Deus”4. Iluminados pelo exemplo extraordinário da Santíssima Virgem, podemos superar as dúvidas e passar pelos sofrimentos com este olhar sobrenatural que nos vêm pela fé. Com a Mãe de Deus, aprendemos a ver tudo com olhar da fé: ver as nossas misérias e acreditar que o Senhor nos chama à santidade; ver os nossos sofrimentos e tristezas e crer que nossa vocação é a alegria e a felicidade eternas; a ver as catástrofes, as guerras, as injustiças, e crer que tudo concorre para o bem dos que amam Deus5. Nossa Senhora permaneceu firme, em sua fé inabalável na divindade de Seu Filho, ainda que conhecesse mais do que ninguém a sua humanidade. A sua fé nunca vacilou, mas ela exercitou a fé por excelência. “Enquanto até os discípulos vacilavam em dúvidas, ela afugentou toda e qualquer dúvida”6, por isso, Maria é a “Virgem da luz para todos os fiéis”7. Desse modo, a Virgem Maria é modelo insuperável de fé e, ao mesmo tempo, nosso auxílio em meio às angústias e sofrimentos deste mundo.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “As provações”:

Nossa Senhora e o olhar de esperança

Da virtude teologal da fé, que na Virgem Maria a Igreja tem seu modelo por excelência, nasce a virtude esperança. A Mãe de Jesus possuía a virtude da fé por excelência e também a virtude da esperança por excelência. Pois, ela não colocava sua confiança nos homens, nem em seus próprios merecimentos, mas colocava toda a sua esperança na graça de Deus. Por isso, a Mãe de Deus é capaz de nos orientar em nosso caminho para a eternidade. Nesse sentido, Maria Santíssima é para nós a “estrela de esperança”8, pois, pela sua obediência à vontade do Altíssimo9, ela “abriu ao próprio Deus a porta do nosso mundo; Ela que Se tornou a Arca da Aliança viva, onde Deus Se fez carne, tornou-Se um de nós e estabeleceu a sua tenda no meio de nós”10. Maria tornou-se “estrela de esperança” porque deu à luz “Àquele que era a esperança de Israel e o esperado do mundo. […] A esperança dos milênios havia de se tornar realidade, entrar neste mundo e na sua história”11. Como o Filho de Deus, esperança do Povo de Israel, a Virgem Maria também permanece “no meio dos discípulos como a sua Mãe, como Mãe da esperança”12. Desse modo, a Mãe de Deus nos ensina a desapegar das falsas esperanças deste mundo e a ter o olhar fixo na verdadeira esperança, que é chegar um dia ao Reino dos Céus e nos encontra com ela e seu divino Filho. Enquanto caminhamos rumo à Pátria definitiva, a Mãe da Igreja está sempre conosco para gerar Jesus Cristo em nós e nós em Jesus Cristo, que é a nossa esperança. Desse modo, Maria é para nós Mãe da esperança porque gera em nós Aquele que é a esperança da humanidade: Jesus Cristo, nosso Senhor.

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A Virgem Maria, Mãe de Deus, e o Menino Jesus

A Mãe de Deus e a virtude da caridade

Cheia de esperança, a Virgem Maria adiantou-se cada vez mais na virtude da caridade. Esta virtude se faz presente na solicitude da Virgem de Nazaré para com sua prima Santa Isabel, que também estava grávida13. Quando, cheia de santa alegria, a Mãe de Deus atravessou apressadamente os montes da Judeia para encontrar a sua parenta Isabel14,  elatornou-se “a imagem da futura Igreja, que no seu seio, leva a esperança do mundo através dos montes da história”15. Nos meses dedicados à serviço de Santa Isabel, resplandece na Santíssima Virgem a virtude teologal da caridade. Maria permaneceu solícita até o final da gravidez de sua Prima16, ainda que soubesse ser a Mãe do Filho do Altíssimo17. Na solicitude da Virgem Maria com sua prima Isabel, compreendemos que um verdadeiro olhar de fé e de esperança nos conduz sempre à caridade. Quando começamos a ver as coisas com o olhar da fé, desesperamos do mundo e esperamos em Deus e consequentemente somos movidos à caridade. Desse modo, conseguimos sair do fechamento em nós mesmos, em nossas dificuldades e sofrimentos, para nos lançar na grande aventura do amor a Deus, que é a nossa vocação última.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “Como progredir na caridade?”:

Nossa Senhora, Mãe da esperança

Portanto, a Santíssima Virgem Maria nos ajuda a superar os sofrimentos e a vencer o desânimo neste tempo de incertezas pela virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Com o olhar da fé, a Mãe de Deus nos ajuda a ver que as alegrias, mas também os sofrimentos desta vida são passageiros. Com isso, ela também nos ajuda a não colocar a nossa esperança nas coisas deste mundo, nas pessoas que estão à nossa volta ou em nós mesmos, em nossas capacidades humanas. Pois, a raiz dos sofrimentos está justamente em colocar a nossa esperança em nós, nos homens e nas coisas deste mundo. Somos fracos e limitados. As coisas deste mundo passam. Somente Deus é onipotente e eterno. Por isso, somente Nele temos uma esperança inabalável. Dessa forma, firmados na fé e na esperança, o Senhor nos leva à vivência da caridade. Esta se manifesta no cuidado com nós mesmos, na solicitude para com o próximo, mas principalmente no nosso amor a Deus, que deve ser a razão última de toda nossa vida e todos os nossos atos. Pois, o Senhor Jesus Cristo é o autor e consumador da nossa fé18, a razão da nossa esperança19e a caridade perfeita. Sem corresponder ao amor do Salvador por nós não há verdadeira caridade. Tudo recebemos do Senhor: os bens das obras da Criação e da Redenção. Por isso, tudo que fazemos deve ser uma resposta amorosa ao Seu amor por nós. Que a Virgem Maria, modelo das virtudes da fé, da esperança e especialmente da caridade, nos ajude a ver todas as coisas com o olhar sobrenatural e a amar Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos20. Nisto nos divinizamos, nos assemelhamos ao Senhor, pois “Deus é amor”21. Por fim, peçamos a Virgem Maria que seja nosso auxílio em nossa peregrinação rumo à Pátria definitiva: “Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensinai-nos a crer, esperar e amar convosco. Indicai-nos o caminho para o seu reino! Estrela do mar, brilhai sobre nós e guiai-nos no nosso caminho!”22

Ó Virgem Maria, Mãe da esperança, rogai por nós!

Natalino Ueda, servo inútil de Jesus por Maria.

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Referências:

1 Cf. Lc 2, 1-7.

2 Cf. Mt 2, 13-23.

3 Cf. Jo 19, 25.

4 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Glórias de Maria. 3ª ed. Aparecida: Santuário, 1989, p. 424.

5 Cf. Rm 8, 28.

6 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Op. cit., p. 424.

7 Id., ibid.

8 PAPA BENTO XVI. Carta Encíclica Spe Salvi, 49.

9 Cf. Lc 1, 38.

10 PAPA BENTO XVI. Op. cit., 49.

11 Id., 50.

12 Id., ibid.

13 Cf. Lc 1, 36.

14 Cf. Lc, 1, 39.

15 PAPA BENTO XVI. Op. cit., 50.

16 Cf. Lc 1, 39-56.

17 Cf. Lc 1, 32.

18 Cf. Hb 12, 2.

19 Cf. 1 Pd 3, 15.

20 Cf. Mc 12, 30-31.

21 1 Jo 4, 8.

22 PAPA BENTO XVI. Op. cit., 50.

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