A Virgem Maria no mistério de Jesus Cristo, o Filho de Deus, a sua participação na obra da salvação.
Na Santíssima Virgem Maria realizou-se o mistério da Encarnação de Jesus Cristo, o Verbo eterno de Deus. Deus Pai enviou ao mundo o seu Filho Unigênito por Maria, a Virgem de Nazaré. Somente Nossa Senhora encontrou graça diante de Deus pela força das suas orações e pela grandeza das suas virtudes. Santo Agostinho nos ensina que, “não sendo o mundo digno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, este O deu a Maria, para que os homens O recebessem por Ela” (TVD 16). O Filho de Deus se fez homem, para nos salvar, em Maria e por Maria. Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas só depois de pedir o seu consentimento através do Arcanjo São Gabriel (cf. Lc 1, 26-38). Deus Pai, para dar a Nossa Senhora o poder de gerar o seu Filho Jesus Cristo e todos os membros do seu Corpo Místico, comunicou-lhe a sua fecundidade, na medida em que uma simples criatura a podia receber.
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Como o novo Adão ao seu Paraíso Terrestre, desceu o Filho de Deus ao seio virginal de Maria Santíssima, para aí achar as suas delícias e operar, às escondidas, maravilhas de graça. Jesus Cristo, Deus feito homem, encontrou a sua liberdade em se ver aprisionado no ventre da Virgem Maria. O Menino Deus fez brilhar a sua força, deixando-se levar pela jovem Virgem de Nazaré. Jesus Cristo escondeu a sua glória, e a glória do Pai, os seus esplendores a todas as criaturas da Terra, para revelá-los somente a Maria. Jesus glorificou a sua independência e majestade dependendo desta amável Virgem na sua concepção (cf. Lc 1, 38), nascimento (cf. Lc 2, 7), apresentação no templo (cf. 2, 22), na sua vida oculta de trinta anos (cf. Lc 2, 51), até a sua morte na Cruz (cf. Jo 19, 25).
São Luís Maria Grignion de Montfort, no “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, nos ensina que “Maria devia assistir a essa morte, porque Jesus quis oferecer com Ela um mesmo sacrifício e ser imolado ao Eterno Pai com seu assentimento, como outrora Isaac também fora imolado à vontade de Deus pelo consentimento de Abraão. Foi Ela que o amamentou, nutriu, sustentou, criou e sacrificou por nós. Ó admirável e incompreensível dependência de um Deus!” (TVD 18). Nem mesmo Espírito Santo de Deus pôde ocultá-la no Evangelho, mostrando-nos o seu valor e glória infinitos, embora tenha escondido quase todas as maravilhas operadas por Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada, durante a sua vida oculta.
Monfort explica que “Jesus Cristo deu mais glória a Deus Pai pela sua submissão a Maria durante trinta anos do que lhe teria dado se convertesse toda a Terra operando os maiores prodígios. Oh! Quão altamente glorificamos a Deus quando nos submetemos, para lhe agradar, à Virgem Santíssima, a exemplo de Jesus Cristo, nosso único modelo!” (TVD 18). Ao examinar de perto a vida pública de Jesus, vemos que Ele quis iniciar os seus milagres por Maria (cf. Jo 2, 1-12). O Senhor santificou São João, ainda no ventre de sua mãe, Santa Isabel, pela palavra de Maria (cf. Lc 1, 41). Logo que Nossa Senhora saudou Isabel, João ficou santificado e este foi o primeiro milagre de Jesus na ordem da graça (Lc 1, 41-44). Nas bodas de Caná, Jesus transformou água em vinho, atendendo ao humilde pedido de sua Mãe. Este foi o seu primeiro milagre de Jesus na ordem natural (Jo 2, 1-11).
Assim, notamos que Jesus Cristo começou e continuou os seus milagres por Maria e, como Deus não muda o seu modo de agir (cf. TVD 15), por Ela continuará a realizá-los até o fim dos séculos. Por isso, nos confiemos a poderosa intercessão da Virgem Maria. Se queremos que o Espírito Santo realize maravilhas em nós (cf. Lc 1, 49), nos confiemos a Nossa Senhora, a única que encontrou graça diante do Senhor (cf. Lc 1, 30). Não tenhamos medo de nos consagrar inteiramente a Virgem Mãe de Deus, pois ela nos conduz diretamente ao seu Filho Jesus Cristo, na docilidade ao Espírito Santo, para realizar a vontade de Deus Pai.