Maria, Rainha do Céu e Mãe de Misericórdia

A Virgem Maria é Rainha do Céu e Mãe de Misericórdia, até para os mais miseráveis pecadores.

A Santíssima Virgem Maria foi elevada à dignidade de Mãe de Deus, por isso, a honramos com o título glorioso de Rainha de Misericórdia. Se o filho de Maria é Rei, com muita razão devemos considerar e chamar de Rainha a sua Mãe. Desde o primeiro momento, no qual a Virgem de Nazaré aceitou ser a Mãe do Verbo de Deus Encarnado (cf. Lc 1, 38), ela mereceu tornar-se Rainha do mundo, de todos os homens e de todas as criaturas. Se a carne de Maria não foi diferente da carne de Jesus, como então pode o reinado do Filho ser separado da Mãe? Devemos julgar que a glória do Reino não só é comum entre a Mãe e o Filho, mas também que é a mesma entre ambos.

A Virgem Maria é Rainha do Céu e Mãe de Misericórdia, até para os mais miseráveis pecadores.

Nossa Senhora Rainha dos Anjos

Se Jesus Cristo é o Rei do universo, a Virgem Maria também é a Rainha do universo. Por isso, todos nós, que servimos Deus, devemos também servir a Mãe de Deus. Os anjos, os homens e todas as coisas do Céu e da Terra estão sujeitos ao domínio da Virgem Maria, porque tudo está também sujeito ao império de Deus. No entanto, Maria Santíssima é a Rainha do Céu e da Terra por graça e Jesus é o Rei por natureza, por que é Deus, e por conquista, no mistério de Sua paixão gloriosa.

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Nossa Senhora é a Rainha de Misericórdia.

Para nossa consolação, a Virgem Maria é uma Rainha cheia de doçura e de clemência, sempre inclinada e disposta a nos favorecer e fazer o bem a nós, pobres pecadores. Em vista disso, há séculos, saudamos Maria Santíssima na oração da “Salve Rainha”, com o título de “Mãe de Misericórdia”. Pois, Maria é Rainha, mas não uma rainha de justiça, zelosa em aplicar o castigo aos malfeitores. Ela é “Rainha de Misericórdia, inclinada só à piedade e ao perdão dos pecadores. Por isso, quer a Igreja que expressamente lhe chamemos Rainha de Misericórdia”1.

O Reino de Deus, que consiste na justiça e na misericórdia, o Senhor dividiu: “o reinado da justiça reservou-o para si, e o reinado da misericórdia o cedeu a Maria. E ainda o Senhor ordenou que pelas mãos de Maria passariam, e a seu arbítrio seriam conferidas todas as misericórdias dispensadas aos homens”2. Quando a Santíssima Virgem concebeu o Divino Verbo e deu à luz, obteve metade do reino de Deus; tornou-se Rainha de Misericórdia e Jesus, o Rei da justiça. O Eterno Pai constituiu Jesus Cristo Rei de justiça, o Juiz universal do mundo, conforme já dizia o Salmista: “Dai, Deus, ao rei a vossa equidade, e ao filho do rei vossa justiça” (Sl 71, 1). O Senhor, deu ao Filho a justiça, porque à Mãe do rei entregou a misericórdia. A esse respeito, São Boaventura tece um belo comentário, dizendo: “Dai, ó Deus, vosso juízo ao Rei e vossa misericórdia à sua Mãe”3. Dessa forma, o eterno Pai deu ao Filho o ofício de julgar e punir, e à Mãe o ofício de socorrer e aliviar os miseráveis. Por isso, Davi profetizou que o próprio Deus consagrou Maria como Rainha de Misericórdia, ungindo-a com óleo de alegria: “pelo que o Senhor, vosso Deus, vos ungiu com óleo de alegria, preferindo-vos aos vossos iguais” (Sl 44, 8). Isso, para que todos nós, miseráveis filhos de Adão, nos alegrássemos, considerando que temos no Céu esta Rainha, toda cheia de unção, misericórdia e piedade para conosco.

Santo Alberto Magno interpreta a história da rainha Ester como figura de Maria, nossa Rainha. No livro de Ester, lemos que, no reinado de Assuero, saiu um decreto condenando à morte todos os judeus. Então, Mardoqueu, um dos condenados, recomendou a sua causa a rainha Ester. Ele pediu que a Rainha intercedesse, usasse sua influência junto ao Rei, a fim de que ele revogasse a sentença. A princípio, Ester recusou fazer este favor, temendo irritar ainda mais Assuero. Além disso, repreendeu Mardoqueu, mandando-lhe dizer que não pensasse só em salvar a si mesmo, pois o Senhor a tinha feito chegar ao trono para obter a salvação de todos os judeus.

Mardoqueu responde a Ester: “Não imagines que serás a única entre todos os judeus a escapar, por estares no palácio” (Est 4, 13). Nós, pobres pecadores, podemos repetir estas palavras a Maria, nossa Rainha, se ela, em algum tempo, se recusar a alcançar de Deus o perdão do castigo, que para nós é merecido: “Não cuideis, senhora, que Deus vos elevou a ser Rainha do mundo só para bem vosso. Se tão grande vos fez, é para que mais vos compadecêsseis, e melhor pudésseis socorrer nossas misérias”4.

O rei Assuero, quando viu Ester na sua presença, perguntou-lhe com agrado: Qual é o teu pedido? Ester lhe responde: “Se achei graça a teus olhos, ó rei, e se ao rei lhe parecer bem, concede-me a vida, eis o meu pedido; salva meu povo, eis o meu desejo” (Est 7, 3). Assuero a ouviu e atendeu prontamente, ordenando que revogassem a sentença. “Ora, se Assuero, por amor a Ester, lhe concedeu a salvação dos judeus, como poderá Deus, cujo amor por Maria é sem medida, deixar de ouvi-la quando pede pelos pobres pecadores, que a ela se recomendam?”5 Se em algum tempo achei graça aos teus olhos, dá-me o meu povo, clama a Deus a Virgem Maria.

A Santíssima Virgem sabe que é Bem-aventurada, que é a única entre as criaturas que achou a graça perdida pelos homens (cf. Lc 1, 26). A Mãe de Deus sabe que é a predileta de seu Senhor, por ele querida acima de todos os anjos e santos. Por isso, se Nossa Senhora diz: se me amais, Senhor, dai-me esses pecadores pelos quais vos rogo. É possível que Deus não atenda seus pedidos? Por acaso ignoramos o poder das preces de Maria junto de Deus?

Toda súplica de Nossa Senhora é como uma lei estabelecida pelo Altíssimo, para que se use de misericórdia para com todos aqueles por quem ela interceder. A Santa Igreja chama a Virgem Maria de Rainha de Misericórdia para que acreditemos que ela abre o oceano imenso da misericórdia de Deus a quem quer, quando quer e como quer. Por isso, não há pecador, nem o maior de todos, que se perde, se Maria o protege.

Assista ou ouça programa do Padre Paulo Ricardo sobre “Por que nós chamamos a Virgem Maria de Rainha e de Senhora?”:

Maria é Rainha de Misericórdia até para os mais miseráveis

Podemos temer que Maria descuide de empenhar-se por nós, por ver-nos tão carregados de pecados? A majestade e a santidade desta grande Rainha devem nos intimidar? Não, diz o Papa São Gregório; porque ela é mais excelsa e mais santa e, ao mesmo tempo, mais doce e mais piedosa para com os pecadores que querem mudar de vida e a ela recorrem.

A majestade dos reis e das rainhas deste mundo causa em nós temor, faz com que tenhamos medo de chegar à presença deles. No entanto, nesta Rainha de Misericórdia não há nada de terrível e severo. Nossa Senhora é toda benigna e amável para com todos que a procuram. A Virgem Maria não só dá tudo quanto lhe pedimos, mas ela mesma oferece a todos nós leite e lã: leite de misericórdia para animar-nos à confiança; lã e refúgio para nos defender dos raios da justiça divina.

O imperador Tito não sabia negar favor algum a quem lhe pedia. Acontecia até mesmo que prometesse mais do que se podia esperar. Porém, muitas vezes mentia ou não cumpria as suas promessas. Mas, Nossa Rainha não mente e pode alcançar tanto quanto quiser para os seus devotos. Tão bom e compassivo lhes é o coração de Maria, que não deixa voltar de mãos vazias quem a invoca.

Ó Maria, como podereis deixar de socorrer os infelizes, se vós sois a Rainha de Misericórdia? E quem são os súditos da misericórdia senão nós, os miseráveis? Sois a Rainha da misericórdia e nós, entre os pecadores, somos os mais miseráveis. Logo, se nós, por sermos o mais miseráveis, somos os maiores dos seus súditos, por isso a Rainha tem mais cuidado de nós do que de todos os outros. Sendo assim, podemos nos dirigir a ela confiantes:

Tende piedade de nós, Rainha de misericórdia, e cuida de nos salvar. Não digais, Virgem Santíssima, que não é possível nos socorrer, por ser grande a multidão de nossos pecados. Pois, não há número de culpas que possa exceder ao vosso poder e amor. Tão grande são nossos pecados, mas nada resiste ao vosso poder. Pois, nosso Criador, honrando-vos como sua Mãe, estima como Sua a vossa glória. O Filho se alegra com sua glorificação e atende a seus pedidos, como se estivesse pagando uma dívida.

A Virgem Maria deve uma obrigação infinita ao Filho por destiná-la para ser sua Mãe. Todavia, não podemos negar que também o Filho é muito obrigado a esta Mãe, por lhe ter dado a natureza humana. Por isso, estando agora na Sua glória, como em recompensa do que deve a sua Mãe, Jesus a honra, especialmente ouvindo sempre todas as suas preces.

A nossa confiança nesta Rainha deve ser grande, pois sabemos o quanto ela é poderosa perante Deus e cheia de misericórdia para com os homens! A Virgem Maria é tão misericordiosa, que não há criatura na terra que não participe dos seus favores e bondades. A própria Virgem revelou isto a Santa Brigida:

Eu sou – lhe disse – Rainha do Céu e Mãe de Misericórdia; para os justos sou alegria e para os pecadores sou a porta por onde entram para Deus. Não há no mundo pecador tão perdido que não participe de minha misericórdia; pois, por minha intercessão, todos são menos tentados do que, aliás, haviam de ser. Nenhum deles, continuou dizendo, a não ser o que de todo esteja repudiado por Deus (o que se deve entender da última e irrevogável sentença sobre os réprobos), nenhum deles é tão abandonado por Deus que não consiga reconciliar-se com ele e conseguir misericórdia, se implora a minha intercessão. Mãe de Misericórdia me chamam todos. Em verdade, a misericórdia de Deus para com os homens me fez também tão misericordiosa para com eles. Infeliz, portanto, conclui a Virgem, infeliz será eternamente na outra vida aquele que podendo nesta vida recorrer a mim, tão compassiva com todos, não me invoca e se perde!6

Portanto, recorramos sempre à proteção desta dulcíssima Rainha, se queremos seguramente nos salvar. Se espanta e desanima-nos ver os nossos pecados, lembremo-nos que a Virgem Maria foi feita Rainha de Misericórdia, precisamente para com a sua proteção salvar os maiores e mais abandonados pecadores que a ela se recomendam. Estes hão de ser a sua coroa no Céu. Justamente destes miseráveis pecadores, que somos nós, salvos por seu intermédio, ó Rainha de Misericórdia, sereis coroada no paraíso.

Oração de Santo Afonso Maria de Ligório a Rainha de Misericórdia

Ó Mãe de meu Deus e Senhora minha, ó Maria, tal como apresenta a uma excelsa soberana pobre chagado e repugnante, me apresento eu a vos, que sois a Rainha do céu e da terra. Rogo-vos, lá do alto tono em que estais sentada, vos digneis volver os vossos olhos pana este pobre pecador. Deus vos fez tão rica, a fim de socorrerdes aos pecadores; elegeu-vos Rainha para que pudésseis aliviar os miseráveis. Olhai, pois, para mim e compadecei-vos de minha miséria. Olhai-me e não me abandoneis enquanto de pecador não me tiverdes mudado em santo. Bem sei que nada mereço. Antes por minha ingratidão mereceria ser privado de todas as graças que do Senhor recebi por vosso intermédio. Mas vós, que sois Rainha de Misericórdia, buscais de preferência misérias e não méritos para socorrer os necessitados. Ora, quem há mais necessitado e miserável do que eu?

Virgem excelsa, sei que sois Rainha do universo e minha Rainha também. Quero porém, de um modo mais especial, consagrar-me ao vosso serviço, para que disponhais de mim segundo vosso beneplácito. Exclamo, pois, com São Boaventura: Ó minha soberana, à vossa soberania me entrego, para que domineis conforme vosso arbítrio sobre tudo quanto tenho e sou; não me abandoneis. Governai-me, dai-me vossas ordens, de mim disponde à vossa vontade. Castigai me, até quando for desobediente, porque muito salutares me serão os vossos castigos. Considero maior ventura ser um vosso servo que ser senhor do universo. Sou vosso; salvai-me. Aceitai me, ó Maria, como vosso servo e cuidai da minha salvação. Já não quero pertencer-me a mim mermo, a vós me dou. E se mal até agora vos tenho servido, deixando de honrar-vos em tantas ocasiões, quero para a futuro associar-me a vossos mais devotados servos. Sim, ó amabilíssima Rainha, de hoje em diante mais do que ninguém vos hei de amar e honrar. Assim o prometo e assim espero executá-lo com vosso auxilio. Amém7.

Ó Santíssima Virgem Maria, Mãe e Rainha de Misericórdia, rogai por nós!

Natalino Ueda, servo inútil de Jesus por Maria.

Links Relacionados:

TODO DE MARIA. Maria, Mãe e Filha da misericórdia de Deus.

TODO DE MARIA. Nossa Senhora, a Porta da Misericórdia.

TODO DE MARIA. Por que Nossa Senhora é Rainha?

Referências:

1 SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Glórias de Maria, p. 36.

2 Idem, p. 37.

3 Idem, ibidem.

4 Idem, p. 38.

5 Idem, ibidem.

6 Idem, p. 41.

7 Idem, p. 43-44.

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