A Virgem Maria nos ensina a amar seu Filho Jesus Cristo, com seu cuidado e solicitude maternais.
Ao meditar sobre o cuidado e a solicitude da Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, para com seu Filho Jesus Cristo, nós podemos tirar bons propósitos para nossa vida espiritual. No início desta meditação, voltemos nosso pensamento e nossos corações para a pergunta do profeta Isaías sobre os cuidados de uma mãe para com seu filho: “Numquid oblivisci potest mulier infantem suum, ut non misereatur filio uteri sui? – Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas?” (Is 49, 15).
Se normalmente já é grande o cuidado de uma mãe para com seus filhos, o que não podemos dizer da solicitude que Nossa Senhora teve para com Jesus Cristo, seu Filho e, ao mesmo tempo, seu Criador? Se quisermos imitar a Mãe de Deus, nós podemos ter a mesma solicitude para com nosso Senhor Jesus Cristo, não somente na pessoa do próximo, mas também para com Ele diretamente. Pois, o Verbo de Deus encarnado está realmente presente no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Sendo assim, visitemos o Senhor muitas vezes e O recebamos digna e piedosamente em nossos corações.
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A solicitude da Virgem Maria para com o Menino Jesus
Santo Afonso Maria de Ligório faz uma comparação que nos coloca diante da grandiosidade do cuidado e da solicitude de Nossa Senhora para com seu divino Filho: “Se em geral são indizíveis as solicitudes de uma mãe qualquer para com seu filho, o que dizer então das que Maria teve para com o Menino Jesus, visto que em seu coração se uniu o amor natural mais perfeito ao supremo amor sobrenatural?”[1] Tanto que no nascimento do Menino Jesus na gruta de Belém, abraçou-O com ternura maternal, tomou-O nos braços, cobriu-O de beijos, e – segundo a revelação feita a Santa Brígida – procurou aquece-Lo com o calor do seu rosto e do seu peito naquela noite fria. Em seguida, como nos transmitiu São Lucas, envolveu-O em faixas (cf. Lc 2, 7). “Ó Deus, que grande estima devia a Santa Virgem conceber da pobreza, da humildade, da obediência, ao contemplar o Filho de Deus que estendia as suas mãozinhas para se deixar enfaixar!”[2]
Depois de envolvê-Lo em faixas, a Santíssima Virgem aproxima o Menino Deus a seu peito para O alimentar com o seu leite. Enquanto O alimentava, a Mãe de Deus repetia consigo, cheia de assombro: “Ó caridade, ó amor incompreensível de um Deus para com os homens! — Que terão dito os anjos do paraíso vendo o Filho do Pai Eterno feito, por nosso amor, tão débil, que precisa de um pouco de leite para conservar a vida?”[3]
O cuidado e o amor de Nossa Senhora para com seu Filho
A pobre Virgem de Nazaré não possui penas, nem lã, para preparar um berço para seu Filho. Por isso, ajunta um pouco de palha numa manjedoura, onde O deitou (cf. Lc 2, 12). Apesar da dureza da cama e do rigor do frio, o Menino Jesus adormece no meio de tantas incomodidades, porque a necessidade vence a natureza. Apesar disso, Maria Santíssima não descansa. Mas, prostra-se diante daquele rude berço, contempla o rosto do divino Menino, adora-O, e não deixa de fazer continuamente atos de amor para com seu Filho.
“Unamos o nosso amor e as nossas adorações com o amor e as adorações do coração de Maria”[4]. Se nos tempos passados imitávamos o cruel Herodes, perseguindo até à morte o Filho de Deus (cf. Mt 2, 13) e afligindo sua Mãe Santíssima, peçamos humildemente a ambos que nos perdoem.
A solicitude e o cuidado maternais de Nossa Senhora não se limitaram à infância de Jesus. Não somente continuaram, mas aumentaram na sua adolescência e idade adulta. Com efeito, quanta aflição, quanta fadiga não sofreu a pobre Mãe durante a longa estadia com o Menino Jesus e São José no Egito (cf. Mt 2, 13-15), na volta para a Galileia (cf. Mt 2, 22), na perda do Filho de Deus no templo (cf. Lc 2, 46), e durante os três anos do seu apostolado!
A nossa solicitude e amor para com Jesus Cristo
Considerando as solicitudes maternais da Santíssima Virgem, deveríamos sentir o nosso coração abrasado de amor por Jesus Cristo, experimentar uma santa inveja de São José, que foi o companheiro e guardião fiel da Mãe de Deus, e dizer: Oxalá tivéssemos a ventura de servir a nosso bom e divino Redentor! Mas, consolemo-nos, pois podemos ter a ventura de servir Jesus, praticando a caridade para com o próximo, já que o próprio Senhor disse: “Quandiu fecistis uni ex his fratribus meis minimis, mihi fecistis — todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40).
A fé nos ensina que o Filho de Deus encarnado mora pessoalmente em nossas igrejas, dentro do Sacrário. Por isso, mostremo-nos solícitos para com o Senhor no Santíssimo Sacramento, ornando os Seus altares, visitando-O muitas vezes, propagando tão bela devoção e principalmente recebendo-O dentro de nossos corações, com digna preparação e ação de graças. Para este fim, cada vez que recebermos a santa Comunhão – e muito mais se somos sacerdotes, quando subirmos ao altar para celebrar a Santa Missa – imaginemos que a Mãe de Deus nos diz o que certo dia o Bem-aventurado João de Ávila disse a uma pessoa pouco devota: “Por piedade, tratai melhor a Jesus Cristo, porque é filho de um bom Pai”[5].
Oração de Santo Afonso Maria de Ligório a Virgem Maria
“Ó Maria, agradeço-vos, tanto em meu nome como no de todo o gênero humano, toda a solicitude que tivestes para com o nosso divino Redentor Jesus e proponho seguir sempre os vossos santos exemplos. Pelo amor do mesmo Jesus Cristo, concedei-me a graça de vos ser fiel”[6].
Links relacionados:
TODO DE MARIA. A consagração a Maria e a comunhão.
TODO DE MARIA. A Igreja e a caridade ardente de Maria.
TODO DE MARIA. Uma meditação sobre a Epifania do Senhor.
Referências:
[1] SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO. Meditações para todos os dias e festas do ano – Tomo I, p. 134.
[2] Idem, ibidem.
[3] Idem, ibidem.
[4] Idem, p, 135.
[5] Idem, p, 136.
[6] Idem, ibidem.