Depois do anúncio do nascimento de seu Filho Jesus Cristo, a Virgem Maria recebeu um segundo anúncio.
A Virgem Maria recebeu o anúncio da Encarnação do Verbo (cf. Lc 1, 30-38), e mais tarde, recebeu um segundo anúncio. Ela associou-se com seu Filho Jesus Cristo na obra de salvação de todo gênero humano, na construção do Reino dos Céus. “Esta associação da mãe com o Filho na obra da salvação, manifesta-se desde a conceição virginal de Cristo até à Sua morte” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 57). Depois de dar seu “sim” ao Anjo (cf. Lc 1, 38), Nossa Senhora partiu solicitamente para visitar Isabel, que estava grávida, conforme lhe fora anunciado (cf. Lc 1, 39-40). Sua prima a chamou bem-aventurada, por causa da fé com que acreditara na salvação prometida, e o precursor do Senhor exultou no ventre de sua mãe (cf. Lc 1, 41-45). Após o nascimento de Jesus, cheia de alegria, a doce Mãe de Deus “apresentou aos pastores e aos magos o seu Filho primogênito, que não só não lesou a sua integridade, mas antes a consagrou” (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 57).
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Em contraste com este momento luminoso, a Virgem Maria, com Jesus, fogem para o Egito sob a proteção de José, pois Herodes procurava o Menino para o matar (cf. Mt 2, 13). Lá permaneceram até à morte de Herodes (cf. Mt 2, 15), depois voltaram para Nazaré (cf. Mt 2, 19-20). Na apresentação do Menino Jesus no templo ao Senhor, com a oferta dos pobres, Maria ouviu Simeão profetizar que o seu Filho viria a ser sinal de contradição, a fim de se revelarem os pensamentos de muitos, e que uma espada transpassaria o seu coração de Mãe (cf. Lc 2, 34-35). A Mãe angustiou-se ao sentir falta do Menino Jesus, perdido e buscado com aflição e depois encontrado no templo, ocupado nas coisas de Seu Pai (cf. Lc 2, 41-50). Sem compreender todas essas coisas, a Mãe de Deus conservava todas estas coisas no coração e nelas meditava (cf. Lc 2, 51).
As suas palavras de Simeão, inspiradas pelo Espírito Santo, confirmam a verdade da Anunciação. Ele tomou nos seus braços o menino, ao qual deram o nome de Jesus (cf. Lc 2, 21). O que foi dito por Simeão está conforme o significado deste nome, que quer dizer Salvador: “meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo” (Lc 2, 30-32). “As palavras de Simeão colocam sob uma luz nova o anúncio que Maria tinha ouvido do Anjo: Jesus é o Salvador, é ‘luz para iluminar’ os homens” (Carta Encíclica Redemptoris Mater, 16). Jesus se manifestou como luz na noite de Natal, quando os pastores o visitaram (cf. Lc 2, 8-20), e também quando da vinda dos Magos do Oriente para Lhe prestar suas homenagens (cf. Mt 2, 1-12).
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Além de nos revelar o Menino como luz para a humanidade, as palavras do velho Simeão confirmam aquilo que desde o início da vida de Jesus, o Filho de Maria, e com Ele a sua Mãe, experimentarão. Ambos viverão a verdade das palavras de Simeão: “sinal de contradição” (Lc 2, 34). “Aquilo que Simeão diz apresenta-se como um segundo anúncio a Maria, uma vez que indica a dimensão histórica concreta em que o Filho realizará a sua missão, ou seja, na incompreensão e na dor. Se este outro anúncio confirma, por um lado, a sua fé no cumprimento das promessas divinas da salvação, por outro, também lhe revela que ela terá que viver a sua obediência de fé no sofrimento, ao lado do Salvador que sofre, e que a sua maternidade será obscura e marcada pela dor” (Carta Encíclica Redemptoris Mater, 16).
O segundo anúncio, que não aconteceu pelo Anjo, mas pelas palavras do velho Simeão a Virgem Maria, nos colocam diante de uma realidade fundamental no seguimento a Jesus Cristo. Quem caminha com Cristo é iluminado pela Sua Luz, é revestido de paz e de alegria. Mas, ao mesmo tempo, Jesus é sinal de contradição, como foi em primeiro lugar na vida de Nossa Senhora e depois na de seus primeiros discípulos e continua a ser na vida dos cristãos. O sim da Virgem Maria ao desígnio de salvação do Pai foi causa de imensa alegria, mas também de incompreensão, de dor, de sofrimento. Conforme a profecia do velho Simeão, Jesus Cristo não somente foi, mas é e “será um sinal de contradição” (Lc 2, 34b), até que aconteça a Sua segunda vinda (Ap 21, 20) e se realize plenamente o Reino dos Céus.