O amor à Virgem Maria e a Jesus Cristo

O amor a Virgem Maria, aumentando excessivamente, pode comprometer a supremacia do amor devido a Jesus Cristo?

O que é amar, ter uma verdadeira devoção, a Santíssima Virgem Maria? O amor a Nossa Senhora atrapalha nosso amor por Jesus Cristo?O que é amar, ter uma verdadeira devoção, a Santíssima Virgem Maria? O amor a Nossa Senhora atrapalha nosso amor por Jesus Cristo? Para responder a estas perguntas, recorremos a São Luís Maria Grignion de Montfort, grande apóstolo da Virgem Maria. No “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, o santo nos ensina que “Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as devoções, de outro modo seriam falsas e enganadoras”1. Isso significa que, se quisermos amar verdadeiramente Nossa Senhora e contentar seu Coração materno, devemos amá-la com a intenção última de amar Jesus Cristo, Nosso Senhor! A princípio, isto pode parecer difícil, mas não é pois ambos estão muito unidos. Mãe e Filho “estão unidos tão intimamente que um está todo no outro: Jesus todo em Maria e Maria toda em Jesus. […] Ela já não existe: é Jesus que é tudo n’Ela”2. São Luís Maria não se detém em “explicar as excelências e grandezas deste mistério de Jesus vivendo e reinando em Maria, ou da Encarnação do Verbo. […] Este é o primeiro dos mistérios de Jesus Cristo, o mais oculto, o mais elevado e o menos conhecido”3. Em consequência dessa íntima união, amar Maria é amar Jesus, contentar o Coração de Jesus é contentar o Coração de Maria. Mas, na prática, como podemos amar a Virgem Maria?

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O amor a Mãe de Deus nas devoções marianas

A “Ave-Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai-Nosso. É a saudação mais perfeita que podemos dirigir a Maria, porque é a que o Altíssimo lhe transmitiu por um Arcanjo, a fim de lhe ganhar o Coração”4. Por isso, devemos crer que a oração da Ave-Maria é muito agradável ao coração materno da Virgem Santíssima. No Santo Rosário, revelado pela própria Mãe de Deus a São Domingos de Gusmão, que une estas belíssimas orações: o Pai-Nosso e a Ave-Maria, contentamos grandiosamente Nossa Senhora, pois maravilhosa é a eficácia desta oração para a conversão das almas5. A estas orações, podemos acrescentar ainda muitas outras que são agradáveis a Mãe de Deus, como o Magnificat, a Coroinha, o Ofício da Imaculada Conceição, a Devoção dos Cinco Primeiros Sábados, o jejum, o sacrifício e a penitência. Mas, entres as devoções marianas, a consagração de amor a “Jesus em Maria6, ou “perfeita renovação dos votos e promessas do Santo Batismo”7, é aquela que é mais cara à Mãe e ao Filho, pois por esta nos damos “inteiramente à Santíssima Virgem, para que por Ela pertençamos inteiramente a Jesus Cristo”8.

Amar a Virgem Maria em Jesus Cristo

Para amar e contentar a alma simples e humilde da Santíssima Virgem, não há nada que supere o amor ao seu Filho Jesus. Por isso, se queremos amar Nossa Senhora, amemos Jesus Cristo. Concretamente, podemos amar o Senhor de diversos modos. Podemos amar Jesus: na meditação, na leitura orante, da Palavra de Deus, na qual o próprio Senhor se faz presente e nos fala; no Sacramento da Confissão, pois é o próprio Senhor que nos perdoa; no Sacramento da Eucaristia, no sacrifício do Filho de Deus, que se entrega para a nossa salvação; no Sacramento da Ordem, amando o Cristo presente no Padre, e este amando Jesus nos fiéis; no Sacramento do Matrimônio, amando Jesus no esposo ou na esposa; na adoração ao Santíssimo Sacramento, na qual amamos Jesus em sua presença real, em sua Humanidade e Divindade.

Assista programa do Padre Paulo Ricardo sobre “A presença real de Jesus na Eucaristia“:

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O amor a Mãe de Deus no amor a Igreja

A Virgem Maria é Mãe da Igreja e certamente contentamos o seu coração materno quando amamos a Igreja, a Santa Sé em Roma, as Igrejas particular, as Congregações, Nova Comunidades e Movimentos, os Sacramentos e Sacramentais, mas também cada um dos filhos da Igreja. Dentre os membros, temos: os da Igreja triunfante, os anjos e os santos, que gozam da visão beatífica da Santíssima Trindade; os da Igreja padecente, que está no Purgatório, que podemos amar concretamente rezando por essas almas, que sofrem até que possam entrar na Pátria definitiva, no Reino dos Céus; e os da Igreja militante, que somos todos nós que fazemos parte do Corpo de Cristo, que é a Igreja, e estamos em peregrinação rumo à eternidade. O Papa Pio XII nos recorda que devemos amar os membros do Corpo Místico de Cristo com ardente caridade, não somente em pensamentos e palavras, mas também em obras9. Os membros da Igreja militante são aqueles que mais podemos amar. Pois, além de rezar pela salvação de suas almas, especialmente daquelas pessoas que a Providência de Deus aproxima de nós, podemos também oferecer o nossa amizade, o conforto espiritual, principalmente nos momentos de sofrimento, a ajuda material conforme as necessidades dos nossos irmãos em Cristo.

O amor a Maria no amor à Humanidade e à Criação

Podemos ainda amar Nossa Senhora amando a Humanidade e a Criação. Pois, o Homem é imagem e semelhança de Deus10 e a Criação é Sua obra11. Por isso, amar a Humanidade e a Criação é amar Jesus e Maria. As perfeições e a beleza de Deus se fazem presentes nos homens e mulheres, criados à Sua imagem e semelhança, e também na natureza criada por Ele. Na prática, somos chamados a amar a Humanidade, especialmente naquelas pessoas mais necessitadas de nossa oração, do apoio moral, da ajuda material. Nestes e em outros gestos concretos, podemos nos espelhar na Virgem de Nazaré. Depois do anúncio do Anjo da Encarnação do Verbo, que lhe revelou também a gravidez milagrosa de sua prima Isabel, Maria foi apressadamente ao encontro da sua parente para levar Jesus e a experiência do Espírito Santo12, além da sua ajuda nos afazeres domésticos e no cuidado de sua prima. Quanto ao amor à Criação, talvez o exemplo mais conhecido seja São Francisco. O Pobre de Assis dedicou sua vida no amor à Igreja, aos mais necessitados, mas também amou de modo singular a Criação. Francisco soube amar Deus na Criação, nas perfeições e na beleza da natureza, tanto que foi nomeado como Patrono da Ecologia pelo Papa João Paulo II, no dia 29 de novembro de 197913. Seu amor à natureza não pode ser confundido com idolatria. Pois, Francisco amava a natureza por causa do Homem, que é o centro da Criação. Deus criou a natureza, os seres vivos, para o Homem e este glorifica o Criador submetendo a terra e dominando as aves, os peixes e os animais14, com o cuidado e a responsabilidade de deixar às futuras gerações o dom que recebeu de Deus.

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Amar a Virgem Maria é amar Jesus Cristo

Assim, amar a Virgem Maria é muito simples, tão simples como o seu Coração de Mãe. Para contentar a Mãe basta amar o Filho e ter uma sincera busca por realizar a Sua vontade, como ela disse aos serventes das bodas de Caná: “Fazei o que Ele vos disser”15. Maria não quer e não retém nada para si. Nossas orações, sacrifícios, jejuns, penitências, boas obras, a Santíssima Virgem “nada reserva para si do que lhe dão, como se fosse fim, mas tudo remete fielmente a Jesus”16. Por isso, não tenhamos medo de confiar tudo a Mãe da Igreja, principalmente os nossos bens espirituais. Confiemos também a Virgem o nosso amor ao Senhor na participação da Santa Missa, e nos demais Sacramentos, nas meditações da Palavra de Deus, na adoração a Jesus Eucarístico. Entreguemos a Mãe de Deus o amor a Jesus no amor pela Santa Igreja, especialmente aos nossos irmãos na fé mais necessitados. Coloquemos nas mãos de Maria o amor a Cristo em nosso amor pela Humanidade e pela natureza, pois a Criação geme e sofre como em dores de parto17. Não tenhamos medo de amar Maria, pois ela está tão intimamente unida a Jesus que, amando a Mãe, amamos também o Filho. Nossa Senhora, Mãe de Deus e Mãe da Humanidade18, ensina-nos a amar.

Natalino Ueda, escravo inútil da Virgem Maria.

1 TVD 61.

2 Idem, 247.

3 Idem, 248.

4 Idem, 252.

5 Cf. TVD 249.

6 TVD 246.

7 Idem, 120.

8 Idem, 121.

10 Cf. Gn 1, 26.

11 Cf. Gn 1, 1-25.

12 Cf. Lc 1, 39-45.

14 Cf. Gn 1, 28.

15 Jo 2, 5.

16 TVD 148.

17 Cf. Rm 8, 22.

18 TODO DE MARIA. Maria: Mãe da Humanidade.

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