São Luís Maria usa da história de Esaú para falar dos réprobos, dos condenados, e da sua relação com os predestinados e a consagração a Nossa Senhora.
São Luís Maria Grignion de Montfort, em seu livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, nos apresenta Esaú (cf. Gn 25, 19ss) como figura dos réprobos, ou seja, dos condenados. São Luís afirma que, “segundo todos os Santos Padres e intérpretes da Sagrada Escritura, Jacó representa Jesus Cristo e os predestinados, enquanto Esaú figura os réprobos” (TVD 185). O Santo usa da imagem de Esaú e Jacó para que compreendamos melhor a oposição que existe entre os condenados e os predestinados. O Autor também nos fala da relação dos réprobos com os predestinados e com a consagração a Jesus Cristo pelas mãos da Virgem Maria.
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São Luís Maria ensina que Esaú, o filho primogênito de Isaac e Rebeca, era forte e habilidoso no arco e na arte da caça. Ele quase não parava em casa e trabalhava confiando apenas em suas forças. Não se esforçava muito para agradar Rebeca, sua mãe, e não fazia nada por ela. Esaú era tão guloso que vendeu o seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas. Como Caim (cf. Gn 4, 8), ele tinha inveja de seu irmão Jacó, por isso, o perseguiu (cf. Gn 27, 41ss).
Os réprobos, como Esaú, confiam em suas próprias forças para conseguir os bens materiais. “São muito fortes, muito hábeis e esclarecidos para as coisas da Terra, mas muito fracos e ignorantes nas coisas do Céu” (TVD 186). Estes nunca ou quase nunca permanecem em sua casa interior (cf. Mt 6, 6), onde Deus habita em cada ser humano. Os condenados não amam o recolhimento, nem a espiritualidade, tampouco a devoção interior. Eles têm os que são interiores por espíritos fracos, que se preocupam com coisas sem importância.
Segundo São Luís, “os réprobos pouco se preocupam com a Devoção à Santíssima Virgem, Mãe dos predestinados” (TVD 188). Algumas vezes, prestam louvores a Maria, dizem que a amam, e praticam até alguma devoção em sua honra. “Mas, de resto, não suportariam que alguém a amasse ternamente, porque não têm para com Ela as ternuras de Jacó” (TVD 188). Estes acham sempre algo a dizer contra as práticas de devoção dos bons filhos e servos de Maria. Pensam que basta não odiar Nossa Senhora e não desprezar abertamente a devoção a ela para serem salvos. Julgam ter a estima de Maria e serem seus servos só por rezar algumas orações em sua honra, sem amor para com ela e sem a correção da própria vida.
Os condenados “vendem o seu direito de primogenitura, isto é, os gozos do paraíso, por um prato de lentilhas (cf. Gn 25, 27-34), que são os prazeres da Terra. Riem, bebem, divertem-se, jogam, dançam etc, sem se preocuparem, como Esaú, de se tornar dignos das bênçãos do Pai celeste” (TVD 189). Eles só pensam na coisas da Terra. Por isso, vendem a graça batismal e a sua herança celeste por um breve momento de prazer.
Os réprobos odeiam e perseguem continuamente os predestinados, molestando, desprezando, criticando, contrariando, injuriando, roubando, enganando, empobrecendo, escorraçando e reduzindo-os a pó. Enquanto isso, os condenados fazem fortuna, buscam os prazeres, vivem alegremente, enriquecem, tornam-se grandes e levam uma vida folgada. (cf. TVD 190). Não sejamos como Esaú e os condenados, que preocupam-se somente as coisas desta terra. Ao contrário, sigamos o exemplo de Rebeca, imagem da Virgem Maria e dos predestinados. Sigamos o exemplo destes, que prestam a verdadeira devoção a Santíssima Virgem, pois procuram agradar a Deus e buscam as coisas do Reino dos Céus.
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